Política Titulo Após prisão
Gestão Atila abandona João Gaspar

Defensores do prefeito de Mauá tentam descolar do socialista acusações contra secretário

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
19/05/2018 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Desde que o prefeito licenciado de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), e seu secretário e braço direito João Gaspar (PCdoB, Governo e de Transporte) foram presos, no dia 9, defensores do socialista têm isolado Gaspar em busca de descolar do prefeito as acusações que pesam contra seu principal aliado e ex-articulador do governo.

A dupla é acusada pelo MPF (Ministério Público Federal) e pela PF (Polícia Federal) de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no âmbito da Operação Prato Feito, que investiga desvios em contratos de merenda e material escolares.

Do dia da prisão para cá, nem o advogado de Atila nem o núcleo duro do governo socialista têm tentado dar justificativas públicas sobre a situação do secretário, que foi detido em flagrante em casa com R$ 588 mil e 2.985 euros, em dinheiro vivo, guardados em bolsas e em envelopes. Atila foi pego com R$ 87 mil.

No dia seguinte às prisões, após as audiências de custódia de Atila e de Gaspar, na Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo, o advogado Daniel Bialski, que encabeça a defesa de Atila, já havia dado o tom de como seria o discurso do prefeito preso e, consequentemente, do núcleo duro do governo: se Gaspar recebeu propina em troca de favorecimento em contratos futuros no Paço, Atila não sabia. “A Prefeitura é como se fosse uma empresa com milhares de funcionários. Ele (Atila) delega para pessoas de confiança, (como) secretários, para que essas pessoas façam avaliações, procedam as licitações e contratem as empresas. Ele (Atila) não tem como saber, porque a estrutura da administração é enorme. É impossível ele (prefeito) ter conhecimento de tudo o que acontece.”

Nesta semana, esse mesmo tom foi adotado pelos dois principais aliados de Atila incumbidos de salvar o governo: o chefe de Gabinete e secretário de Comunicação, Márcio de Souza, e o superintendente da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá), Israel Aleixo (ambos do PSB). Os dois, inclusive, têm dado ordens e orientado a prefeita interina Alaíde Damo (MDB).

Em breve entrevista aos jornalistas logo após a Câmara comunicar o afastamento temporário de Atila, na terça, a dupla se negou a falar sobre o futuro de Gaspar no governo – foi Alaíde quem assinou a exoneração. Mais tarde, em entrevista ao jornal Repórter Diário, Aleixo disse que “a PF mistura as condutas do prefeito ao seu secretário”. “A PF quer fazer ligação que não existe entre o que foi apreendido em uma residência e outra. É absurdo culpar uma pessoa (Atila) pela conduta de outra”, disse.

Na peça em que pediu o habeas corpus ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) em favor de Atila – negado na quarta-feira –, a defesa do prefeito afastado alega que Atila “não possuía qualquer relação estreita com o seu assessor”, ignorando antiga relação da dupla.

Segundo as investigações, Gaspar era quem negociava propina com empresários em nome de Atila, que seria o destinatário final dos recursos. Foram citados na denúncia depósitos e transferências no valor total de R$ 138 mil na conta de Gaspar, mais R$ 20 mil na de Samara Barlera, que também foi assessora de Atila. 




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