O deputado estadual Orlando Morando (PSDB), adversário do prefeito de São Bernardo Luiz Marinho (PT) na eleição ao Paço em 2008, ressalta que a administração petista "faz estelionato eleitoral", pois até o momento não cumpriu muitas promessas de campanha. O parlamentar observa que a ausência de projetos divulgados durante o pleito é "a grande falha" do primeiro ano da atual gestão.

O tucano elencou 16 pontos que poderiam ter sido efetuados completamente ou simplesmente iniciados em 2009 pelo Executivo, mas ficaram só no discurso.

"Foram promessas importantes que criaram expectativa na população. Minha análise não é muito exigente. Tudo daria para ser feito em 12 meses. Foi um ano perdido", frisa Morando, ao destacar que a inoperância do governo reflete na auto-estima da população.

Uma das principais críticas do deputado é quanto ao bilhete único. "Para esse projeto, que é uma bandeira histórica do PT, não teve nenhuma movimentação", enfatiza, ao citar ainda a falta de valorização do funcionalismo público, que não reajuste salarial no ano passado.

"Isso me assustou, pois o prefeito tem uma trajetória sindical, de reivindicações, e não deu um centavo de aumento para os servidores", comenta.

Orlando Morando também critica a ausência de projetos executivos para dois hospitais prometidos por Marinho na campanha.

"Não estou exigindo o prédio pronto, mas sim o planejamento, os papéis, a licitação na rua. O que existe hoje é só uma placa das futuras instalações de uma unidade hospitalar", salienta, ao colocar que algumas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) deveriam ter sido colocadas em funcionamento 24 horas e não foram.

A municipalização do ensino de 5ª a 8ª séries, divulgada no plano de governo do petista e que não sairá do papel nesse mandato, é outro alvo do tucano. "Essa era uma proposta minha e foi adotada por meu adversário no meio do jogo. No PPA (Plano Plurianual) não há previsão para implementar a mudança antes de 2012", assinala.

Outra promessa que segundo o parlamentar era de sua autoria e depois foi incorporada pela candidatura de Marinho foi a revitalização da Rua Marechal Deodoro, um dos principais centros comerciais da cidade. "Não há qualquer mobilização das Secretarias de Desenvolvimento Econômico ou de Obras. Conversei com comerciantes e não há anda programado."

A Prefeitura foi procurada para comentar as críticas mas não retornou o contato da reportagem.

De positivo, a continuidade dos projetos passados

Na opinião do deputado Orlando Morando, o fato positivo da gestão Luiz Marinho é a continuidade dos projetos implementados pela administração anterior, de William Dib (PSDB - 2002 a 2008).

"O programa Renda Abrigo é um exemplo. Acabou com o alojamento do Jardim Silvina, num procedimento idêntico ao implantado no passado. As famílias foram retiradas de lá para receber um auxílio aluguel, até que unidades habitacionais populares sejam construídas", observa o tucano, ao frisar, porém, a morosidade do governo em outros projetos.

"Esperava um Executivo mais ágil, mais dinâmico. O prolongamento da Avenida Galvão Bueno estava, em 2008, 80% concluído. Em um ano não terminou os 20% restantes. O ritmo é lento, aquém do que o município precisa", conclui.

Oposição é exemplo, e não devem ocorrer saídas do grupo base

No início de 2010, há possibilidade de os aliados do governo Luiz Marinho praticarem ofensiva sobre alguns integrantes da oposição na Câmara, no intuito de fazer com que mudem de lado e destrave o empate político no Legislativo - são 10 vereadores defensores do petista e 10 contrários, sendo o presidente da Casa, Otávio Manente (PPS) responsável pelo desempate a favor da administração.

"A oposição é exemplo para todos. Não deve haver saída. Nossos 10 parlamentares são pessoas sérias, íntegras e fazem oposição de respeito à cidade", elogia o tucano, ao dar como exemplo a aprovação da reforma administrativa com apoio do grupo.

"O projeto tinha problemas, foi melhorado e aprovado. A oposição não vai concordar com aberrações, as quais devem e serão denunciadas", finaliza Morando. 

Prefeito ‘fez processo de destruição'

Orlando Morando também avaliou as ações da Prefeitura nos últimos 12 meses. Em sua análise, o chefe do Executivo Luiz Marinho "fez processo de destruição de São Bernardo".

Uma das críticas mais enfáticas do deputado é a retirada dos GCMs (guardas civis municipais) das escolas. "Isso é um crime. A presença do guarda municipal inibe a atuação do traficante, dá segurança aos pais que buscam seus filhos e aos alunos."

Algumas ações da Secretaria de Educação também foram avaliadas de maneira negativa pelo tucano. "É lamentável em pleno Século 21 fazer patrulhamento aos professores. Isso é um retrocesso à democracia", discorre Morando, referindo-se ao acompanhamento, por parte da chefia das escolas, de mensagens eletrônicas do sistema interno.

VERBA FEDERAL - O parlamentar rebateu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quem a gestão anterior não buscava recursos federais. "Lula boicotou a gestão anterior, que sempre foi oposição ao PT. Grande parte das verbas que chegam agora são projetos iniciados pela administração passada."