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Blogueira cubana ganha filme
31/03/2010 | 07:00
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Sem roteiro prévio, e não mais que R$ 10 mil de orçamento, os dois tiveram de tomar cuidados especiais para chegar ao que queriam. "Eles foram em dias separados, com um equipamento pequeno - uma câmera fotográfica de alta resolução, tripés, e alguns HDs", explica Marcelo Mesquita, produtor executivo do filme. A ideia era fazer deles "um backup humano para evitar qualquer tipo de barreira ou censura de informação".

Em Havana, nos contatos com Yoani, acabaram conhecendo outros blogueiros que completaram a paisagem, relatando suas experiências e o dia a dia dos cubanos: "Ficamos impressionados com o universo desses ‘personagens invisíveis' na ilha", relata Peppe.

Invisíveis "porque se manifestam intensamente mas apenas pela internet - que é um meio ainda muito limitado a uma pequena parte da população". Descobriram, nesses contatos, que além do Geração Y - o famoso blog de Yoani - proliferam muitos outros textos entre grupos opositores. E, à falta de acesso à rede, eles circulam em CDs e pen-drives com os posts dos blogs.

Animados com esse exemplo, os diretores resolveram montar um blog (www.oultimodiscurso.wordpress.com) para divulgar o material que coletaram na ilha.

Yoani, a protagonista do documentário, teve com eles uma conversa cautelosa antes de recebê-los. "Como ela se sente vigiada, o jeito foi conversarmos na rua, ela de óculos escuros e no meio de outras pessoas", relata Raphael.

No depoimento feito em sua casa, a blogueira repetiu como é a dura rotina da vida na ilha - por exemplo, faz apenas uma refeição por dia, por causa do racionamento de tudo. E falou, para surpresa dos dois, de um mundo para eles desconhecido - a música cubana underground.

Relatou a ação de bandas de rock com músicas de resistência ao regime como a Porno para Ricardo, que contrastam com o clássico e internacionalmente conhecido Buena Vista Social Club. Contou como fazem oposição aos hinos clássicos da revolução cubana. Detalhou as manifestações públicas antigoverno em shows.

"A resistência em Cuba, nós notamos, não tem armas. Acontece sem violência, por meio da palavra na internet, pelas passeatas das Damas de Branco ou com as greves de fome", afirma o diretor.




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