O fortalecimento da Eletrobrás não é uma preocupação para o setor privado. A ideia de reestruturar as finanças da estatal e dar condições para que possa ampliar seus investimentos conta até mesmo com boa receptividade de grupos como a Abrage (Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica). "Acho legítimo o governo pretender que a Eletrobrás tenha, igual à Petrobras, força de vida e de investimentos", diz Flávio Neiva, presidente da entidade.

A faxina financeira que o Estado vem promovendo na companhia desde o ano passado deve abrir espaço para que ela fortaleça sua presença no mercado local e externo. Para Neiva, a perspectiva de integração energética na América do Sul é um dos fatores que contribuem para a avaliação positiva sobre a recuperação da Eletrobrás.

O diretor executivo da Abrate (Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia), César de Barros Pinto, concorda que o processo de integração é "inevitável", considerando os ganhos que podem ser obtidos e o histórico de expansão do setor.

"Se a Eletrobrás puder cumprir um papel importante neste processo na América Latina será excelente." Para o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, o fortalecimento da Eletrobrás é bem-vindo, mas pondera que os investimentos da companhia devem gerar valor para a sociedade. Sales comenta ainda que em projetos de grandes usinas hidrelétricas, "que sofrem tantos obstáculos de natureza formal" - como dificuldades no licenciamento ambiental e disputas na Justiça - "a participação minoritária de uma estatal pode ajudar no tratamento das questões".

O presidente da Abrage reconhece que algumas empresas temem que o fortalecimento da Eletrobrás represente aumento de poder da estatal dentro do mercado doméstico. "Temos críticos que gostariam de estar sozinhos, mas olha a vitalidade dessa integração no leilão das usinas do Rio Madeira e agora, talvez, em Belo Monte", ponderou Neiva.