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Quebra de balsa deixa 700 sem rumo
João Guimarães
Do Diário do Grande ABC
25/03/2008 | 07:59
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Um defeito no motor da balsa que interliga os bairros Rio Grande ao núcleo Santa Cruz e Taquacetuba, no Riacho Grande, em São Bernardo, atrasou a volta para casa de mais de 700 pessoas segunda-feira à noite.

O transtorno durou mais de seis horas. O transporte quebrou por volta das 16h e sua normalização só aconteceu às 22h30, de acordo com a polícia.

Às 21h a fila de veículos na espera pela travessia chegava a 140 carros. Falta de informações, chuva fina e neblina prejudicavam a situação. Para piorar ainda mais o cenário, de tempos em tempos um ônibus carregado de pessoas desavisadas chegava ao local.

Os proprietários de pequenos barcos se aproveitaram do ocorrido para fazer a travessia de quem não agüentou esperar. O problema era a falta de segurança das embarcações. Sem coletes salva-vidas e qualquer tipo de iluminação, cada embarcação chegava a transportar até 12 pessoas por viagem, com preço de R$ 2,30 por pessoa, o mesmo valor da tarifa de ônibus.

A maioria dos presentes no local preferiu não se arriscar. “Não tinha a menor segurança. Quem atravessou é doido”, afirmou o motorista Silvio Dantas de Souza, 28 anos.

Mesmo sem conseguir contato com os três filhos pequenos que a esperavam em casa, a doméstica Sandra Viana, 30 anos, também preferiu não embarcar numa canoa furada, literalmente. “Tenho amor à minha vida. Não dava para entrar naqueles barcos”, disse.

Com a chegada da polícia, o transporte clandestino parou. Ninguém foi preso. O Diário conseguiu avistar alguns barcos retirando-se do local, mas nenhum quis conceder entrevista.

Descaso - A doméstica Heloísa Soares, 18 anos, estava desde as 16h no local. “Já tomei um monte de chuva esperando”, afirmou. “O que irrita é que até agora não apareceu ninguém para dizer uma única palavra do que está acontecendo”, disse a doméstica.

O desespero começava a tomar conta de alguns. “Nessas horas não aparece nenhuma autoridade”, lamentou a operadora de telemarketing Angela de Paula, 32 anos. “Eles ainda dizem para termos orgulho de morar aqui. Eu não tenho”, lamentou. “Infelizmente, quem mora aqui está esquecido”, desabafou o ajudante Josué Braga Correia, 42 anos.

Normalização - Com o conserto da balsa, a situação logo voltou ao normal e os moradores puderam voltar às suas casas.

Apesar dos ânimos alterados e da grande quantidade de pessoas no local, não foram registrados tumultos até o fechamento desta edição. A Emae, responsável pelo transporte, não foi encontrada pela reportagem.



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