Economia Titulo Previdência
Terceira idade procura ofertas e paga em dinheiro

Pesquisas sobre os hábitos de consumo dos idosos mostram que fazer compras é atividade de lazer

Andréa Ciaffone
do Diário do Grande ABC
14/10/2013 | 07:07
Compartilhar notícia


Pagar em dinheiro, fazer compras durante a semana, procurar por ofertas e ir às lojas sozinho são as preferências dos consumidores maiores de 60 anos identificadas por pesquisas coordenadas pelo professor Nuno Fouto, diretor de pesquisas e estudos do Provar/FIA (Fundação Instituto de Administração).

“O que mais me chama a atenção nos resultados das pesquisas é já haver no Brasil um comportamento bastante independente e individualista dos maiores de 60 anos em relação ao consumo”, diz Fouto sobre a descoberta de que 66% dos entrevistados nessa faixa etária diziam preferir fazer suas compras sozinhos, sem a pressão de parentes ou amigos.

“Para quem já está aposentado, fazer compras é uma atividade com caráter recreacional”, diz o professor. “E ninguém quer abreviar o que lhe diverte”, completa o especialista em varejo.

A pesquisa mostra que mais de 20% das atividades de lazer listadas pelos idosos está ligada ao setor de comércio e serviços. Por exemplo, cinema foi citado por 4,7% dos enrevistados, bares por 4,4%, shopping e restaurantes, empatam com 4%. No geral, as distrações mais citadas foram televisão (21,3%), futebol (13,3%) e viagens (8,6%).

“Embora a pesquisa não aborde essa questão de modo específico, fica claro que a presença da televisão no cotidiano acaba tendo uma intensa relação com o consumo, uma vez que a telinha leva para dentro da casa das pessoas as ofertas e as novidades que estão chegando nas lojas.

A pesquisa aponta que os idosos fazem compras 78% das vezes em que vão ao supermercado, 18% quase sempre, 2% quase metade das vezes e 2% muitas vezes vão apenas para observar e pesquisar preços. De acordo com a pesquisa, 33,6% vão aos supermercados uma vez ao dia. Outros 26,6% vão mais de uma vez por semana e 21,2% vão semanalmente. Ou seja, 81,4% não passam mais de sete dias sem ir ao supermercado.

Esse dado se relaciona intimamente com os atributos mais valorizados pelos mais experientes quando se trata de varejo. A qualidade mais valorizada é a localização, escolhida por 34% dos entrevistados. A segunda é o preço, que é prioritário para 30%. A variedade de produtos e marcas incentiva 14% e apenas 10% se mobilizam pelas promoções. “No entando, diante de uma promoção, 82% dizem que compram o produto ofertado”, observa Fouto.

DINHEIRO VIVO - Embora 66,8% dos maiores de 60 anos sejam correntistas em banco (o que dá direito a cartão de débito), 24% tenham cartão de supermercado e 20% possuam cartão de crédito, a maioria, 66%, ainda prefere a forma clássica: pagar com dinheiro vivíssimo.

“Essa preferência, somada ao fato de que 65% dizem que ser fiel a uma loja é vantajoso, justificaria uma atenção maior a esse público”, diz o professor, que identifica no varejo brasileiro uma certa falta de atenção no sentido de ir além da legislação e desenvolver serviços e atendimento específicos para esse grupo etário.
“O fato de a aposentadoria trazer uma redução de renda não deve ser visto como um desestímulo para quem quer esse cliente”, diz o professor. O aposentado pode até ter capacidade ter renda menor, mas está blindado das variações na oferta de emprego.

De acordo com números do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), a renda média de um aposentado da região é de R$ 1.414. No caso dos que moram sozinhos, essa renda os coloca na classe D, segundo estudo realizado pelo Inpes/USCS (Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano). Caso existam dois aposentados, a renda familiar salta para mais de R$ 2.800, o que coloca esse domicílio na classe C, a atual menina dos olhos do setor de consumo. Na região, a classe C tem, em média, mais de R$ 600 mensais disponíveis depois de pagar por habitação, transporte, alimentação e remédios.
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;