Cultura & Lazer Titulo
Dia do livro tem pouco a comemorar no país
Por Nelson Albuquerque
Do Diário do Grande ABC
28/10/2003 | 18:59
Compartilhar notícia


Nesta quarta-feira é o Dia Nacional do Livro. Anualmente, são impressos no país cerca de 340 milhões de exemplares desse importante produto cultural. A nota triste é que o brasileiro lê pouco: em média 1,8 livro por ano, bem abaixo dos sete livros lidos pelos franceses ou cinco, pelos italianos e norte-americanos. Segundo a CBL (Câmara Brasileira do Livro), o motivo está no baixo poder aquisitivo da população.

Para o presidente da CBL, Oswaldo Siciliano, o dia merece ser festejado. “Todas as datas, independentemente de situações momentâneas, devem ser comemoradas”, afirma. A ressalva é em relação à atual situação do setor editorial, que movimentou cerca de R$ 2,1 bilhões no ano passado.

“O mercado editorial está aguardando dias melhores da economia nacional”, diz. Siciliano entende que a limitação no poder de compra faz o brasileiro manter o livro relegado a posições secundárias no orçamento doméstico. “As pessoas não têm condições de destinar verba para o prazer da leitura”.

Apesar de não conseguir destacar nenhum ponto de melhora no setor em 2003, a CBL tem boa expectativa para os próximos meses. “O fim de ano pode ser melhor que esperamos. A baixa da taxa Selic, a queda dos juros mensais e até essa nova medida que facilita o empréstimo bancário ao trabalhador (com desconto no holerite) deixam as pessoas mais tranqüilas e seguras para comprar”, diz.

O tratamento mercadológico dado ao livro já chegou na esfera da avaliação da qualidade. “Para uma editora, um bom livro é aquele que apresenta uma impressão moderna, capa bonita e atraente e um papel de qualidade”, afirma Siciliano, que é também editor. E o conteúdo? “Todo livro, no seu conteúdo, é maravilhoso. E é louvável toda a criação do escritor”, diz.

No ano passado, as editoras brasileiras lançaram quase 40 mil livros, dos quais 15 mil eram obras inéditas. Os outros 24,8 mil títulos que chegaram às livrarias foram reimpressões. Os números deixam claro que a aposta em novos trabalhos é menor que a garantia de venda de edições já aprovadas pelo consumidor.

O livro considerado de boa vendagem, hoje em dia, é aquele que ultrapassa a tiragem inicial média de 2,5 mil exemplares. “Vender de 5 mil a 10 mil livros já é vender bem”, afirma.

Enquanto aguarda a recuperação da economia, a CBL diz se preocupar com a formação de novos leitores. A entidade oferece diversos cursos, em sua sede em São Paulo, por meio da Escola do Livro (www.cbl.org.br).

Outro trabalho da entidade é a divulgação. “A CBL apóia diversas feiras pelo país. Agora, estamos nos dedicando à próxima Bienal Internacional de São Paulo, que acontecerá em abril de 2004”, afirma o presidente.

A data do Dia Nacional do Livro foi escolhida para homenagear a fundação da Biblioteca Nacional, ocorrida em 29 de outubro de 1810, quando foi feita a transferência da Real Biblioteca portuguesa para o Brasil.

Os números relativos a bibliotecas no Brasil são desabonadores. Segundo o Ministério da Educação, o país conta com 4.780 bibliotecas, quando o ideal seria ter pelo menos 10 mil. Além disso, das 180 mil escolas de ensino fundamental, apenas 26% possuem bibliotecas.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;