A representação do martírio de Jesus Cristo no desfile da Beija-Flor está causando polêmica entre a escola de samba e a Igreja Católica. Em uma reunião entre representantes da Beija-Flor e da Arquidiocese do Rio de Janeiro, realizada segunda-feira, foram acertadas modificações na caracterização de Cristo, com a retirada da coroa de espinhos, do manto branco e da tinta que imitava sangue. Quarta-feira, porém, o carnavalesco Laíla disse que vai “seguir à risca o que está sendo ensaiado”. “Conversamos com eles, mas depois da reunião chegamos à conclusão que deve ser mantido como está”, afirmou Laíla. Logo depois, o carnavalesco fez suspense e disse que vai decidir “na hora” se retira ou não a coroa de espinhos. O resto da representação, segundo Laíla, será mantido.

A idéia original é representar Cristo, vivido pelo ator Cleber Carvalho, ensangüentado, coberto apenas por um pano branco, carregando uma cruz e sendo açoitado por bailarinos que representarão soldados romanos. A representação será feita no chão, na frente do carro Abre-Alas.

Os advogados católicos argumentaram que imagens do ensaio aberto da Beija-Flor em que o ator usava a fantasia e ensaiava a coreografia chocaram muitos católicos. A assessoria de imprensa da Arquidiocese informou que está mantido o acordo de modificar a representação de Cristo e, por isso, não pretende tomar nenhuma medida legal para evitar a encenação na avenida.

O enredo da Beija-Flor este ano são as missões dos jesuítas no Rio Grande do Sul. Em 1989, a mesma escola, depois de uma disputa judicial com a Arquidiocese, foi obrigada pela Justiça a cobrir, durante o desfile, uma enorme alegoria de Jesus Cristo esfarrapado, criada pelo carnavalesco Joãosinho Trinta. A escola de Nilópolis será a última a se apresentar na Marquês de Sapucaí, na segunda-feira, último dia do desfile.