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Combate à corrupçao atacará financiamento eleitoral
Por Do Diário do Grande ABC
01/11/1999 | 16:21
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O financiamento de campanhas eleitorais por empresas privadas é a base de uma ampla cadeia de corrupçao política, e a Transparência Brasil quer atacar a raiz do problema com uma açao nacional pelo financiamento público a todas as candidaturas. Esta será a primeira grande mobilizaçao do braço brasileiro da Transparency International (TI), organizaçao mundial de combate à corrupçao.

A idéia é eliminar as doaçoes aos políticos para evitar que eles se tornem devedores das empresas que os financiaram. "Os políticos eleitos já assumem seus cargos devendo favores aos empresários que bancaram suas campanhas", justifica Oded Grajew presidente do Instituto Ethos - Empresas e Responsabilidade Social, um dos articuladores da Transparência Brasil. "Nos Estados Unidos, há hoje um movimento muito forte pelo financiamento público de campanhas", exemplifica.

O grupo brasileiro é formado por cerca de 50 pessoas e organizaçoes nao-governamentais, entre elas o Ethos e o Pensamento Nacional das Bases Empresariais (PNBE). Assim que consolidarem a Transparência Brasil - cujo estatuto está prestes a ser registrado -, o movimento deve ser lançado. "Vamos tentar avançar além da lei contra a corrupçao eleitoral, uma iniciativa popular apoiada diretamente por 1 milhao de pessoas", afirma Eduardo Capobianco, vice-presidente de Economia do Sinduscon-SP.

A Transparência Brasil vai também formular propostas de políticas públicas contra o sistema de propinas. "Queremos mostrar como a corrupçao prejudica o cotidiano das pessoas, como a crise da Febem, o desemprego e a violência das ruas têm a ver diretamente com ela", afirma Grajew. "Vamos demonstrar que o alto desenvolvimento humano tem a ver com baixa corrupçao."

O grupo brasileiro também quer buscar a experiência de outros países, e planeja até uma rede de intercâmbio na América Latina. O Brasil, diz Capobianco, está "exportando" a legislaçao sobre licitaçoes públicas. "Conseguimos estabelecer que o Estado pague os prestadores de serviços em ordem cronológica, impedindo que uma ou outra empreiteira receba antes, mediante pagamento de porcentagens", lembra ele. Por conta desta legislaçao, diz Capobianco, o orçamento do Anel Viário da Grande Sao Paulo caiu pela metade.




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