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Casa real desmente que Camilla será rainha ao se casar com Charles
Por Da AFP
21/03/2005 | 17:02
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Camilla Parker Bowles, que se casará em cerimônia civil com o príncipe Charles em 8 de abril, se tornará automaticamente rainha quando o herdeiro da coroa britânica subir ao trono, explicou nesta segunda-feira o Parlamento britânico, o que foi imediatamente desmentido pela casa real.

Ao anunciar o casamento civil entre Charles e Camilla, em 10 de fevereiro passado, a casa real havia informado que Parker Bowles,57 anos, seria chamada duquesa da Cornuália, e quando Charles,56, subisse ao trono após a morte da mãe, a rainha Elizabeth II, ela seria nomeada princesa-consorte.

Esta decisão tinha sido tomada aparentemente levando em conta a impopularidade de Camilla, a quem a maioria dos britânicos culpa pelo fracasso do casamento de Charles com Diana, a bela e popular primeira esposa do príncipe de Gales.

Mas o debate foi reaberto nesta segunda-feira, depois que o secretário de Estado para assuntos constitucionais, Christopher Leslie, deixou claro que, legalmente, quando Charles se tornar rei, Camilla será automaticamente rainha. O casamento de Charles e Camilla não é 'morganático', afirmou Leslie em resposta a uma pergunta feita por escrito pelo deputado trabalhista Andrew MacKinlay.

Este termo se refere ao casamento entre um príncipe ou nobre com alguém de linhagem inferior, que com o casamento não assume o título do cônjuge. "Isto significa de forma inequívoca que Camilla será automaticamente rainha se Charles suceder Elizabeth II no trono da Inglaterra algum dia", explicou MacKinlay, explicando que para que isto não ocorra, será preciso modificar a legislação.

Segundo MacKinlay, a mudança da legislação exige a aprovação dos Parlamentos dos 17 países que consideram o monarca britânico seu chefe de Estado. "Estou totalmente de acordo com que o príncipe de Gales possa se casar com quem quiser, mas modificar a Constituição é tarefa do Parlamento e esta suposição requereria modificá-la", declarou o deputado trabalhista.

No entanto, a casa real negou que Camilla chegará um dia a ser rainha. "É verdade que o casamento não será morganático, mas não é verdade que Camilla será automaticamente rainha porque um casamento morganático significa que (o cônjuge) não levará nenhum dos títulos do seu esposo, e este não é o caso", afirmou um porta-voz da Clarence House, residência oficial do príncipe de Gales e seus dois filhos, William e Harry. "Nossa posição é que alguém se torna rainha por convenção, não por lei", acrescentou o porta-voz.

No entanto, o departamento de assuntos constitucionais confirmou nesta segunda-feira que Camilla será rainha quando Charles subir ao trono. "Tecnicamente, ela será rainha", disse o porta-voz deste departamento, Zoe Campbell.

O departamento destacou, no entanto, que grande parte desta argumentação é acadêmica, devido a fato de que a Grã-Bretanha não tem Constituição escrita, apenas uma série de leis e convenções que evoluíram com o passar dos séculos.

Segundo Campbell, não há uma única lei determinando que alguém com a posição que Camilla vai ocupar no futuro será rainha. "Quanto a normas constitucionais e legais, grande parte destas refere-se antes a convenções do que a legislação, e é por isto ela pode ser chamada da forma que quiser sem que a lei tenha que ser alterada", explicou.

É a convenção real que reza que a esposa de um rei é chamada de rainha, enquanto os maridos de monarcas mulheres, como o príncipe Philip, marido de Elizabeth II, não se tornam reis.

Uma pesquisa feita após o anúncio do casamento revelou que a esmagadora maioria dos britânicos rejeita a possibilidade de Camilla vir a se tornar rainha algum dia.

A perspectiva de ter Camilla como rainha não é rejeitada só na Grã-Bretanha, mas também poderia causar problemas em outros países da Comunidade Britânica, que estão subordinados à coroa britânica, na maioria ex-colônias, como a Austrália.

Segundo a agência de notícias britânica 'Press Association', o governo de Londres está estudando uma legislação para "cumprir o desejo (de Camilla) de não ser rainha".



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