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Apostas são maioria das transações nas lotéricas

Com a possibilidade de se fazer jogos pela internet, donos dos estabelecimentos têm receio de receita cair

Por Flavia Kurotori
Especial para o Diário
13/10/2018 | 07:26
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Celso Luiz/DGABC


As apostas ainda são responsáveis por atrair a maioria do público nas lotéricas do Grande ABC, mesmo com a possibilidade de realizá-las pela internet – o que é possível desde agosto. Embora não divulgue números por questões estratégicas, a Caixa afirma que o cenário se repete em todo Estado de São Paulo, ao mesmo tempo, no País, a quantidade de jogos e demais transações é equilibrada.

Para algumas pessoas, inclusive, ganhar na loteria é uma meta de vida, como é o caso da aposentada e moradora de Santo André Antonia de Paula Rodrigues da Silva, 62 anos. “Para mim, é um desafio. Jogo na Quina (cujo sorteio é realizado diariamente, de segunda-feira a sábado) há 20 anos os mesmos números, e acredito que ainda vou ganhar.”

Antonia conta que gasta, aproximadamente, R$ 36 por mês com as apostas, que são feitas no sistema teimosinha, em que a pessoa concorre com os mesmos números por até 24 concursos. Além disso, a aposentada destaca que é raro procurar as lotéricas para outras transações.

NA PRÁTICA - Proprietário de lotérica no bairro Bangu, em Santo André, Vitor Sousa afirma que, em seu estabelecimento, a quantidade de jogos é a mesma das demais operações, diferentemente da média dos dados da Caixa. “Há cinco anos, o número de apostas era bem maior do que o pagamento de contas, por exemplo. Mas a quantidade de jogos foi caindo gradativamente, enquanto a de outras transações foi subindo”, explica.

Em lotérica no Centro andreense, o cenário é ainda mais divergente, uma vez que o proprietário Roberto Mendonça assinala que o volume de apostas é inferior ao de pagamento de boletos, representando 40% das transações do local. “Neste ano, tivemos uma grande queda no número de jogos no geral e, agora, com a possibilidade de fazê-los pela internet, sentimos (a diminuição nas apostas) ainda mais”, lamenta. “Todos os lotéricos têm medo de que isso prejudique o faturamento, além de perdermos muitos clientes no médio e longo prazos.”

CENÁRIO - “Quem fazia poucas apostas não faz mais, e quem fazia várias, diminuiu a frequência”, assinala Sousa. “O serviço (de apostas pela internet) ainda é muito novo, mas a tendência é que o número de jogos caia ainda mais.”

Neste sentido, Mendonça destaca que as lotéricas recebem comissão de 3,11% por jogo on-line, feito pelo portal da loteria – quantia distribuída entre todas as representantes do País, variando conforme volume de jogos –, valor bem abaixo do recebido com as apostas realizadas no local, de 8,61%. “Esse percentual está sendo reclamado e discutido pelos nossos sindicatos junto com a Caixa”, assegura.

A instituição bancária afirma que as lotéricas recebem um percentual predefinido da receita proveniente das vendas via internet. Porém, Sousa critica que não há como confirmar se todos os jogos destinados ao seu estabelecimento estão, de fato, sendo repassados.

Segundo Simone Rosa, superintendente nacional de canais de distribuição do banco, o portal para apostas é voltado ao público jovem. “O objetivo da Caixa é atingir os mais jovens, das gerações ‘Y’ e ‘Z’, os chamados millenials, que têm a internet como canal principal para realizar suas compras e serviços bancários”, diz, referindo-se ao fato de se tratar de canal adicional.

Vale dizer que as loterias recebem tarifa para cada transação, jogo ou serviço realizado, além de remuneração adicional de segurança, institucional e blindagem.

Atualmente, a região conta com 165 lotéricas. Conforme a Caixa, não há previsão do lançamento de representantes nas sete cidades, ainda que possa, em situações pontuais, “abrir novas unidades onde identificar potencial para jogos”.




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