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Valor do mínimo é razoável, diz Lula
Por Arthur Lopez
Do Diário do Grande ABC
02/05/2005 | 12:23
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a emblemática missa de 1º de Maio na Igreja Matriz de São Bernardo para fazer um discurso de candidato à reeleição. Em sua fala, Lula relembrou as lutas, no final dos anos 70 e início dos 80, quando aquela igreja, no Dia do Trabalho, era refúgio para os trabalhadores e fez também um apanhado das principais realizações de seu governo, com destaque para o microcrédito e a transposição do rio São Francisco.

Lula lembrou o 1º de Maio de 1979, quando a Igreja da Matriz não fornecia apenas guarida para as questões espirituais dos trabalhadores, "mas também uma retaguarda para os momentos difíceis da democracia". O ano seguinte, 1980, foi o único que o presidente não participou da missa porque estava preso pela ditadura junto com outros sindicalistas. "Mas foi o momento mais bonito da luta pela democracia, do ponto de vista da resistência, pois contou com a participação das mulheres", analisou o petista.

Seguindo um roteiro cuidadosamente preparado, o presidente citou a participação, naqueles tempos de resistência à ditadura, do atual arcebispo de São Paulo, dom Cláudio Hummes, e do ex-prefeito de São Bernardo Tito Costa, que estava presente à missa domingo. Em seguida, apontou algumas faixas que alertavam para a inclusão social e o microcrédito e passou então a falar das realizações de seu governo.

Primeiro, louvou a recuperação do salário mínimo, que passou domingo a valer R$ 300, "um patamar apenas razoável". Porém lembrou a consolidação do microcrédito, "para livrar o trabalhador dos agiotas". Trata-se do crédito consignado com desconto em folha de pagamento que soma hoje R$ 16,5 bilhões. "Vai chegar a mais de R$ 25 bilhões este ano com a inclusão dos aposentados", disse.

Nesse momento, o líder petista apontou para o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Luiz Marinho, que esteve durante toda a missa sentado ao seu lado, na primeira fila. Lula ressaltou a participação do sindicalista na criação da cooperativa de crédito dos metalúrgicos e prometeu que se tornará um dos associados, durante o evento na Volkswagen. "Para estimular ainda mais essa iniciativa."

Em seu discurso com tom de campanha, Lula informou aos presentes que acabara de saber sobre a solução do problema de demarcação de terras indígenas no Estado de Roraima. "Em paz", fez questão de acrescentar o presidente. Também falou sobre sua viagem no dia anterior ao Pará, onde há grande incentivo para o programa de biodiesel, uma grande promessa de alternativa de combustível e de desenvolvimento de regiões Norte e Nordeste.

O presidente arrancou aplausos quando falou do benefício a cerca de 8 milhões de famílias com a obra de transposição do rio São Francisco. "São 150 anos de atraso", porque esse é um projeto do Império, no meio do século XVIII. Ainda fez promessa: "Até 2008, 12 mil lares brasileiros passarão a contar com energia elétrica."

Em relação à reforma agrária Lula não se estendeu, mas ressaltou o trabalho da Comissão Pastoral da Terra para reverter a lógica do trabalhador do campo que sai para a cidade. O presidente destacou os incentivos à agricultura familiar, "que não serve só para seu próprio sustento, mas também para o agricultor vender e ganhar com o que planta".

Críticas – A missa, celebrada pelo bispo diocesano de Santo André, dom Nelson Westrupp, contou com a presença de mais de mil pessoas, segundo os organizadores. Embora não tenha direcionado nenhuma crítica ao presidente ou ao governo, o bispo citou em vários momentos as condições de vida dos desempregados.

A participação da Pastoral Operária do ABC, que anunciou dias antes que iria fazer um protesto diante do presidente, apresentou apenas símbolos das lutas dos trabalhadores.

A única alusão na missa à taxa de juros (a principal crítica feita isoladamente do lado de fora da igreja) ocorreu na entrada da imagem de São José Operário. O texto de apresentação se referiu a um marceneiro cujo salário foi corroído por taxas e impostos para manter o luxo de poucos.

O bispo Westrupp, após pouco mais de duas horas de missa, fez uma bênção final a todos os trabalhadores e principalmente aos que procuram e não encontram trabalho. O presidente Lula participou da missa acompanhado de sua mulher Marisa Letícia e de um forte esquema de segurança. Passou o resto do dia em sua residência em São Bernardo.




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