Os usuários do transporte público de Santo André intensificaram, ontem, reclamações contra a empresa Suzantur, que passou a operar, em caráter de emergencial, 15 linhas desde sábado no Terminal Vila Luzita, no lugar da Expresso Guarará, em processo de falência. As críticas ficaram destacadas aos atrasos dos itinerários, falta do sistema de bilhetagem eletrônica nos coletivos e identificação dos veículos, que estão nas cores vermelhas e brancas – eram tradicionalmente azuis – e com adesivo da Prefeitura de Mauá, onde a viação opera desde 2013.

Pelo segundo dia consecutivo, o Diário acompanhou parte do trabalho da empresa na região da Vila Luzita. Ontem, entre 14h e 15h, havia confusão entre os passageiros para o reconhecimento dos pontos, dentro do terminal, para fila de espera dos coletivos. Muitos exaltaram as dificuldades encontradas, em razão de ser domingo, dia considerado de baixo fluxo de pessoas. Diante da presença do Diário, funcionários da Suzantur passaram a retirar os adesivos da Prefeitura de Mauá de alguns carros, às pressas e na própria dependência do terminal.

Entre os usuários, foi destacada a situação de Luiz Carlos Garcia, 28 anos. O ator é morador do bairro Brasilândia, na Capital, e tem como rotina vir até Santo André uma vez por mês para encontro religioso. “Estou espantado com as mudanças que ocorreram. Demorei para me encontrar e achei difícil achar informação”, reclamou.

Passageira rotineira nos fins de semana da linha TR 141, Maria das Neves, 78, residente do Jardim do Estádio, afirmou frustração com a mudança da Guarará pela Suzantur. “Soube que ia mudar a empresa e esperava por melhora. Mas, acho que o atraso está até pior”, informou a munícipe, que esperava a 20 minutos pelo ônibus, após visitar a sobrinha, na Vila Suiça.

No sábado, o Diário acompanhou a saída dos ônibus da garagem da Suzantur, localizada na Avenida Eugênio Negri, no Jardim Zaíra, em Mauá. Ontem, porém, parte dos ônibus estavam estacionados em terreno na Avenida Dom Pedro I, altura do 3.700. O local parecia abandonado, de fácil acesso e com poucos recursos de segurança.

PREOCUPAÇÃO

Outros passageiros abordados pela equipe do Diário no Terminal Vila Luzita apontaram aflição para o dia de hoje. Auxiliar de custo e morador do Parque Miami, Rafael Jonas, 31, contou que precisa utilizar o transporte coletivo de segunda a sexta-feira, por volta da 7h30, para se locomover até o trabalho, na Capital. “Hoje (ontem) estou passeando e vejo que tem problemas de organização. Quero ver (amanhã), com a quantidade de gente que vai usar os ônibus, que inclusive, parecem menores do que os da Guarará.

A Prefeitura de Santo André oficializou, na semana passada, a entrada da Suzantur no município, em contrato emergencial válido por 180 dias. O acordo, assinado pelo prefeito Carlos Grana (PT) na sexta-feira, é alvo de questionamento da Justiça. Juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública de Santo André, Genilson Rodrigues Carneiro acatou denúncias de possíveis fraudes na elaboração do certame. Em outras duas cidades, a viação também é investigada – em Mauá, do prefeito Donisete Braga (PT), e em São Carlos, no Interior.

A Prefeitura de Santo André não se manifestou sobre o assunto. Procurado, o proprietário da Suzantur, Claudinei Brogliato, se recusou a conceder entrevista.