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Fábricas de vidro vão repassar alta do gás natural a clientes
Por Marcelo de Paula
Do Diário do Grande ABC
19/06/2008 | 07:07
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O aumento de 36% no preço do gás natural à indústria levou os fabricantes de vidros a reverem acordos de preços firmados no início do ano, e os preços devem subir para seus clientes no próximo mês. O percentual de reajuste é considerado elevado pelos fabricantes, que não têm como absorver o aumento dos custos operacionais até o início de 2009, época em que os aumentos seriam aplicados.

Segundo Leandro Pignataro, gerente de marketing da Owens-Illinois, fabricante de embalagens de vidro com unidades em São Paulo e Rio de Janeiro, o reajuste do gás às indústrias ficou em torno de 12% em 2007 e o impacto no preço final dos produtos foi de 6% a 8%.

"Nossa equipe calcula qual vai ser o tamanho do repasse aos clientes. Historicamente, fazemos isso no início do ano seguinte. Absorvemos os custos do reajuste para não descumprir contratos firmados. É assim que funciona. Mas, desta vez, o reajuste foi muito alto e não dá para segurar."

O gás natural e a energia elétrica representam 40% do custo de produção. Como os cálculos não foram finalizados, Pignataro evitou projetar o impacto nos preços finais, mas adiantou que a Owens busca uma estratégia de reajuste para cada categoria de produto, já que os custos de produção mudam conforme as características de cada mercadoria.

COMPETITIVIDADE - Para o superintendente da Abividro (Associação Brasileira da Indústria do Vidro), Lucien Belmonte, o aumento é expressivo, mas não deve tirar competitividade dos fabricantes porque segmentos concorrentes, como a indústria de plásticos, também são afetados pela alta das cotações do barril do petróleo.

"Em termos de competitividade não vejo problema. Vivemos uma inflação de custos, que não está ligada apenas ao gás natural, mas também ao aumento do petróleo e de commodities em geral. A situação começa a ficar complicada e não vai demorar para o consumidor sentir no bolso. Aí vem o problema. Pode ocorrer a redução das vendas", afirmou.

O gás natural, sozinho, tem impacto de 12% a 25% no custo de produção. É um insumo essencial. Os fornos dependem do combustível para manter a temperatura de 1.500º C necessária para fundir a areia e outros componentes, como a barrilha, e fazer o vidro. O insumo passou a ser a matriz da produção porque o governo federal incentivou a conversão para o uso de um combustível menos poluente que o óleo diesel e mais econômico que a energia elétrica.

Para Belmonte, a falta de um planejamento do governo federal prejudica os fabricantes que converteram a sua matriz de produção.

"Quando um forno é feito, determina-se qual o insumo energético será usado nos próximos 12 ou 18 anos. Simplesmente, não dá para voltar atrás. É importante dizer que a adoção do gás não foi feita por causa de um telegrama enviado às empresas. Atendemos a um pedido do poder público, mas, como sempre, falta planejamento de longo prazo", reclamou.

Segundo Belmonte, o preço do gás natural está em US$ 12 por milhão de BTU (unidade de medição desse combustível).




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