Nacional Titulo
Indios libertam reféns no Mato Grosso
Do Diário do Grande ABC
26/03/2000 | 18:00
Compartilhar notícia


Visivelmente debilitados e com os corpos completamente marcados por picadas de insetos, foram libertados às 20h deste sábado, pelos índios Terena, o historiador da Funai em Brasília, Rogério Rezende, e o assessor de imprensa do órgao em Campo Grande, Geraldo Duarte Ferreira. Eles ficaram três dias e duas noites presos em uma cabana indígena, como garantia de negociaçao com o presidente da Funai, Frederico Marés Filho, sobre a demarcaçao das terras na regiao.

Sao 2.300 índios Terenas que estao comprimidos em pouco mais de 2 mil hectares na Aldeia Agua Boa, localizada no distrito Buriti, município de Sidrolândia, a 70 quilômetros do centro de Campo Grande. Eles querem que a Funai demarque as terras consideradas propriedade de seus antepassados, que somam 18 mil hectares. Toda essa área esta dividida em pequenas fazendas de produtores brancos, que apesar de existir um levantamento das terras indígenas no município, estao legalizando as fazendas, junto aos órgaos competentes. Essa iniciativa dos fazendeiros revoltou os indígenas, que resolveram fazer reféns os dois servidores e obrigar a presença do presidente da Funai na aldeia.

Frederico negociou durante cinco horas com os Terenas, conseguindo a liberdade dos reféns depois de firmar um acordo se comprometendo a iniciar imediatamente o levantamento das terras indígenas e promover a desapropriaçao das fazendas existentes e transforma-las em novas aldeias para os Terenas.

O presidente da Funai chegou em Campo Grande sexta-feira passada para cumprir uma agenda repleta de visitas às aldeias de Mato Grosso do Sul, onde os conflitos de terra estao ficando cada fez mais perigosos.

Um dos focos mais agitados é junto aos índios Guarani-Kaiowas, no distrito de Panambizinho, em Dourados, regiao sul no MS e a 240 quilômetros da capital. No local os índios ameaçam invadir 36 propriedades rurais que estao dentro do que consideram terras indígenas.

A área toda foi ocupada pelo entao presidente Getúlio Vargas, transformando em loteamento para assentamento de Sem-Terra, durante a primeira reforma agrária que realizou no país. Apesar de terem toda documentaçao legalizada de suas terras, produtores rurais terao que deixar as fazendas. Frederico garantiu que um grupo de trabalho está realizando o levantamento das benfeitorias de cada propriedade rural em Panambizinho para indenizar os proprietários e entregar a área aos índios.

Em Amambai, no extremo sul do Estado, o presidente da Funai se reuniu neste domingo com lideranças indígenas de Terenas e Kaiowas para ouvir deles uma série de reclamaçoes. Na regiao os índios estao envolvidos com o alcoolismo e até drogas como a maconha. Bêbados, eles atravessam a rodovia e acabam morrendo atropelados. Os líderes querem mais rigor no controle de zona de bebidas alcóolicas para índios no comércio de Amambai e também mais açao da Polícia Federal contra os traficantes de drogas.

Na terça-feira Frederico volta a Brasília para continuar com as medidas visando sanear os problemas dos índios do Mato Grosso do Sul.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;