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Moscovis retoma suas origens na TV
Por Mariana Meireles
Da TV Press
14/07/2004 | 19:25
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Eduardo Moscovis andava ávido por um bom trabalho. E, a princípio, o primeiro vilão da carreira em uma novela das nove seria melhor que a encomenda. É exatamente esta a função de Reginaldo, o filho mais velho de Maria do Carmo, a protagonista de Senhora do Destino, vivida por Suzana Vieira. Por isso, o convite pegou Moscovis de surpresa. O ator estava na praia quando recebeu o telefonema do diretor Wolf Maya. “O convite foi sedutor. Mas sempre é. Sempre é o melhor personagem e você é o único que pode interpretá-lo. Nesse caso achei que a oportunidade era boa mesmo”, conclui o carioca de 36 anos.

O fato de se tratar de uma novela de Aguinaldo Silva contribui para que ele acredite nisso. Moscovis estreou na TV em uma trama do autor – como o cigano Tibor em Pedra Sobre Pedra (1992) – e admira a forma como ele constrói os personagens. “Você lê o texto e percebe que os papéis estão bem desenhados, que todos têm a sua história”, explica.

Ele não sabe dizer, no entanto, se Reginaldo é um exímio vilão. Por enquanto, o personagem ainda não fez uma grande maldade. Mas já deu provas de que não é flor que se cheire. Afinal, escancarou a amante Viviane, personagem de Letícia Spiller, para a esposa Leila, de Maria Luísa Mendonça. A mulher, inclusive, morreu após despencar da varanda de um motel, tentando flagrar a pulada de cerca do marido. A relação com a mãe também não é das melhores. “Ele foi criado com todo amor, mas caráter é de nascimento. Ele deve ter algum fio solto, um mau contato que o leva para este lado”, analisa, com bom humor.

E como quase todo personagem com desvio de caráter, Reginaldo tem a ambição entre suas principais características. Vereador do fictício município Vila São Miguel, na Baixada Fluminense, aproveita-se ao máximo da política para se dar bem. Moscovis, que volta e meia fará discursos em cena, não se preocupou em observar políticos quando soube que ia interpretar um. “A gente é obrigado a observá-los a vida inteira. São todos muito parecidos, falam com a mesma entonação de voz e mais ou menos as mesmas coisas”, alfineta o ator, que vê o personagem como um retrato generalizado desses profissionais. “O objetivo do Aguinaldo não é falar de uma figura atípica, mas fazer um apanhado”.

Acostumado a interpretar personagens que exigem caracterização, como os truculentos Carlão de Pecado Capital e Petruchio de O Cravo e A Rosa, o ator acha mais difícil viver um tipo do cotidiano, como Reginaldo. “Fica muito próximo da nossa realidade. Prefiro quando o personagem requer mais composição, mas para mim é bom exercitar o naturalismo”, diz.

Na trama, Moscovis também põe em prática o papel de pai – a maioria dos seus personagens não tinha filhos. Mas o comportamento frio de Reginaldo não se reflete na relação com os filhos Bianca e Bruno, interpretados por Marcela Barrozo e Thadeu Matos. Pai zeloso, morrerá de ciúmes ao ver a menina de 13 anos se interessar por homens maduros. “Tenho curtido isso. Sofro por antecedência com a adolescência das minhas filhas. Acho que também vou morrer de ciúmes quando elas começarem a namorar”, assume o ator, pai de Gabriela, 5 anos, e Sofia, 3 anos. A precocidade de muitos adolescentes nos dias de hoje, caso da filha na ficção, incomoda Moscovis. “Dá pena ver que as crianças não aproveitam direito a infância. As vivências estão um pouco atropeladas e elas têm acesso a informações ainda desnecessárias”.




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