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Informática em escolas: uma questao pedagógica
Por Paulo Basso Jr.
Do Diário do Grande ABC
25/12/2000 | 16:20
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Para os pais que estao às voltas com a escolha de uma nova escola para os filhos, a época de matrícula pode se estender até meados de janeiro. É necessário avaliar uma série de questoes, o que se traduz em uma decisao difícil, afinal, o que está em jogo é o futuro profissional dos jovens.

Nesse momento, é comum o pai ouvir que uma determinada escola oferece aulas de informática, com laboratórios bem equipados e tudo o mais, o que muitas vezes pode deixar uma interrogaçao: a informática é marketing ou uma efetiva ferramenta de aprendizado? As vésperas do século XXI, a adoçao da tecnologia de informaçao no sistema educacional continua cercada de polêmicas e incertezas. Enquanto as novas tecnologias caminham a passos largos em ramos como medicina e comércio, a aplicaçao de recursos multimídia dentro e fora da sala de aula está longe de chegar a um consenso entre os educadores.

As dúvidas, na verdade, nao residem na presença de computadores e softwares nas ecolas, afinal, é unânime a opiniao de que a informática reúne recursos positivos para auxiliar a formaçao escolar. O que se discute é como e em que momentos utilizar a tecnologia e até que ponto ela pode prejudicar ou motivar o ensino de crianças e adolescentes.

De acordo com Adriana Clementino, coordenadora de informática do Colégio Anchieta, de Sao Bernardo, e autora de uma tese de mestrado sobre o assunto, a informática na sala de aula torna-se eficiente se for encarada como mais uma ferramenta educacional, e nao como a revoluçao do sistema. "Nao é possível mudar radicalmente o modelo institucional que vigora há séculos. O que se deve fazer é usar a tecnologia como um novo elemento de ensino, ao lado dos livros e outras mídias", conta Adriana, que ressalta a vantagem do computador frente aos outros recursos por ele permitir simulaçoes e aulas práticas.

Para o professor José Luiz Favaron, do Colégio Arbos, de Santo André, o uso da informática por si só nao inova a forma de aprender. "Temos uma ferramenta que deve ser utilizada com critérios para nao reproduzirmos exatamente as mesmas práticas antigas", afirma.

O problema, segundo os educadores, é que muitas vezes as novas tecnologias sao utilizadas apenas como peças de marketing. Nos últimos anos, tornou-se comum às escolas propagandear a quantidade de PCs que fornecem aos seus alunos. "Mas, na realidade, poucas instituiçoes utilizam os equipamentos de maneira correta. Alguns colégios, inclusive, acreditam que a melhor soluçao é deixar os computadores trancados para que os alunos nao os quebrem", diz José Willian Costa, coordenador de informática do colégio mauaense Barao de Mauá.

Por ser um recurso que valoriza questoes como imagem, som, interatividade, raciocínio e criatividade, entre outros, os pedagogos acreditam que o computador deve ser usado sob monitoraçao, porém, com liberdade pelos alunos. "Basta às escolas estimular, e nao forçar, com horas marcadas, a busca pelos novos recursos", afirma Flávio Ronaldo Gonçalves, professor e coordenador de informática do Quarup, de Sao Caetano. "Nao existem softwares que prendam a concentraçao do aluno caso o trabalho proposto pelo professor acabe em uma forma de pressao ", completa.

Devido à variedade de informaçoes, a Internet também deve ser usada com cuidado pelas escolas, segundo os educadores. Alguns colégios, como o Quarup, por exemplo, acrescentaram até aulas de ética no currículo para controlar o ímpeto dos alunos em busca de conteúdos paralelos aos de interesse da instituiçao.

"É importante utilizar a Web, já que ela amplia as fontes de conhecimento", explica o coordenador de ciência e tecnologia do Pueri Domus, de Sao Caetano, Roberto Piovesan. "Seu acesso, entretanto, deve ser feito sob supervisao, pois a rede compreende muitos sites impróprios ou mesmo com informaçoes incorretas", finaliza.




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