É com caridade que as irmãs Jemmy, 19 anos, e Ana Paula Silva, 21, garantem a sobrevivência. Elas não completaram o ensino fundamental, não trabalham e têm renda mensal igual a zero. Alimentação e vestuário só com doação de vizinhos da favela do Jardim Oratório, onde moram há 12 anos. “Tem dias em que a gente não come porque a vizinhança também passa por necessidades”, relata Ana, mãe de Wendell, 5. Candidatas ao Bolsa Família, do governo federal, as irmãs se inscreveram no cadastro único, mas ainda não recebem o benefício.
São projetos de transferência de renda como o Bolsa Família as principais apostas da Prefeitura para melhorar as condições de quem vive em alta vulnerabilidade. As 13 mil famílias de baixa renda da cidade foram cadastradas, mas apenas 6,5 mil recebem a bolsa, que chega a R$ 95. “Cumprimos a meta deste ano que é fornecer o benefício a metade dessas famílias. Até o fim de 2005 as outras devem receber também”, afirma o secretário de Assistência Social e Cidadania, Sebastião Marcial Sobrinho. Ele diz que a cidade sofre com a baixa arrecadação de impostos, que considera insuficiente para o tamanho do município. A deste ano deve ficar em R$ 340 milhões.
Mas a maioria dos moradores de Mauá (36,71%) está inserida na faixa de baixa vulnerabilidade social, que corresponde à classe média baixa. O aposentado Ailton Barbosa, 54 anos, representa bem esse perfil, predominante em bairros como o dele: o Jardim Anchieta. Ele só comprou uma casa própria quando se aposentou. “Tinha emprego e família pequena, mas sempre foi difícil juntar dinheiro”, conta.
Ao lado de Mauá, Rio Grande da Serra também é recordista de vulnerabilidade, com 13,43% de pessoas na faixa de alta pobreza. Santo André, Diadema e Ribeirão Pires se equilibram entre muito baixa e média vulnerabilidade. São Caetano é a única privilegiada, pois o indicativo de pobreza não aparece no IPVS. E São Bernardo é cidade de extremos, com 13,09% de ricos e 10,48% de muito pobres.
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