Uma São Paulo sem romantismo, ressequida até, é cenário para O Signo da Cidade, segundo projeto cinematográfico da família Lombardi-Riccelli e o primeiro a estrear no Brasil. A premiére, na sexta, ocorre na metrópole que, mais do que mera ambientação, entra na história alternando-se entre vilã e heroína. O presente da produção para os paulistanos são sessões do filme a R$ 1 em todas as salas da cidade.

O longa, rodado no ano passado, é baseado em roteiro de Bruna Lombardi. Ela também interpreta a astróloga Teca, responsável por amarrar diversos dramas urbanos, entre os quais o protagonizado pelo jovem Gabriel, do filho único, Kim, 26 anos. Ele acumula ainda a função de assistente do pai, Carlos Alberto Riccelli, diretor da história.

O trio não nega ser este um projeto familiar. “É uma delícia trabalhar junto. Nós sempre respeitamos a opinião um do outro sem questionar”, ironiza Riccelli, que assim como a mulher, com quem está há 30 anos, é paulistano. O longa Stress, Orgasms and Salvation (2005), falado em inglês, foi a estréia de ambos nas funções que desempenham em O Signo da Cidade.

O argumento de Bruna é baseado em algo que já soa clichê. “Na pressa do dia-a-dia, você esquece de olhar para a cidade”, explica. Mas a premissa de reconhecimento desse ambiente não é vazia. É possível identificar vários pontos e personagens da Capital.

Mas esqueça o foco do cartão postal. “Para escrever, tive de buscar um silêncio interior. A partir daí, comecei a descobrir os personagens. Acho que eles já existem em algum lugar da cidade”, afirma Bruna, 55 anos, criada em bairro de classe média alta.

Durante a entrevista coletiva de lançamento do longa, realizada ontem em São Paulo, a roteirista estava visivelmente orgulhosa do trabalho, ganhador de prêmios nos festivais de Brasília, Amazonas e Goiânia em 2007. Seu lado poetisa também foi explorado. É dela a letra das canções da trilha Sozinho na Cidade e Sorte, interpretadas respectivamente por Caetano Veloso e Maria Bethânia.

Definidos os papéis da família, radicada nos Estados Unidos há vários anos – Kim formou-se em Teatro pela UCLA (Universidade da California), houve a fase de testes com os atores. Alguns nomes do elenco, porém, não precisaram passar pela etapa. “Escrevi papéis pensando na Denise Fraga, na Graziela Moretto, no Juca de Oliveira e no Luís Miranda”, conta Bruna.

Outros, como Fernando Alves Pinto, contribuíram além da interpretação. “Antes mesmo de ter um papel recebi um telefonema da diretora de arte (Mara Abreu). Ela soube que eu escrevia ao contrário e pediu meus cadernos de anotação para compor um personagem”, conta. Estão no elenco ainda Eva Wilma, Malvino Salvador e Sidney Santiago.