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Consórcio pressiona e governo vai rediscutir Febem no Grande ABC
Elaine Granconato e
Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
25/03/2005 | 13:00
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O governo do Estado, que há uma semana anunciou, unilateralmente, a construção de três unidades de internação da Febem no Grande ABC – duas em Diadema e uma em São Bernardo –, recuou na quinta-feira e prometeu retomar a discussão com os prefeitos que integram o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. A insatisfação dos agentes políticos locais com a tentativa do Estado de atropelar as negociações ficou clara com a ausência do prefeito de São Bernardo e presidente do Consórcio, William Dib (PSB), à reunião realizada na quinta-feira à tarde, no gabinete do secretário-adjunto da Justiça e da Defesa da Cidadania, José Jesus Cazetta Júnior. Mesmo o prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior, que participou do encontro, submeteu qualquer decisão a uma análise dos sete prefeitos. O governo se propõe a dialogar, mas reitera a determinação de construir 480 vagas na região.

O encontro de quinta-feira seria comandado pelo secretário da Justiça e presidente da Febem, Alexandre de Moraes, que ligou pessoalmente para convidar Filippi e Dib. Desde o início da semana, Moraes vem recebendo os prefeitos das nove cidades que vão abrigar as 10 novas unidades da Febem. Na quinta-feira foi substituído pelo adjunto. Segundo a secretaria, Moraes estava no gabinete do governador discutindo o parque que será construído em parte do Complexo Tatuapé da Febem. Filippi afirma ter sido informado antecipadamente da ausência do secretário. Na quarta-feira, a assessoria de Dib já havia informado que ele não iria. O prefeito viajou em compromisso particular.

"O governo irá retomar a discussão com o Consórcio. Agora, de forma compartilhada, conforme o acordo assinado entre o governador e os sete prefeitos", disse Filippi, ao deixar a sala de reuniões, onde esteve acompanhado do promotor da Infância e da Juventude de Diadema, João Marcos Costa de Paiva. Filippi considerou "precipitado" o anúncio do governo a respeito das três unidades na região sem o conhecimento dos prefeitos. "É bom deixar claro que os prefeitos não estão fugindo."

Tem viés político a decisão do prefeito William Dib de não participar do encontro com os representantes do governo na quinta. Aliado de primeira hora do Palácio dos Bandeirantes, Dib tem reclamado a interlocutores próximos sobre a dificuldade no diálogo com o governador. Quando o Estado anunciou que construiria unidades da Febem na região, o prefeito deixou pública sua insatisfação por não ter sido consultado antes.

O prefeito de Santo André, João Avamileno (PT), criticou a postura unilateral do Estado em um assunto que envolve o interesse dos municípios. "Acho que o caminho foi de cima para baixo, errado. Nenhum prefeito está se negando a fazer essa discussão, mas temos um acordo sobre esse assunto que está sendo desrespeitado", afirma.

Aliado do prefeito William Dib, o deputado federal Edinho Montemor (PL) avalia que a ausência do presidente do Consórcio ao encontro de quinta "é um recado, sim" sobre a insatisfação com a maneira como o governo estadual conduz a questão. "O ABC precisa ser melhor atendido, olhado com mais carinho, com mais atenção e com mais respeito. Além da pujança econômica, somos quase 2 milhões de eleitores. Não podemos aceitar uma medida como essa goela abaixo, como quem primeiro faz e depois vem conversar. O governador está de cabeça quente com a rebelião na Assembléia e as rebeliões na Febem, mas não justifica passar por cima dos prefeitos."

O Consórcio defende que o modelo para a região seja de unidades com 72 vagas. Mas o governo anunciou prédios para 160 internos divididos em quatro blocos com 40 adolescentes. Diadema, portanto, teria 320 vagas (duas unidades) e São Bernardo, 160, somando 480. Números de fevereiro apontavam 404 internos do Grande ABC na Febem. Para cumprir a construção de 480 vagas exigidas pelo governo em modelo aceito pelo Consórcio serão necessárias seis unidades.




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