Cultura & Lazer Titulo Música
Mariene de Castro resgata ritmos baianos
Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
16/11/2010 | 07:00
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Sua doce voz canta com ternura sobre uma Bahia quase esquecida. Uma Bahia elegante, das cirandas, do samba de roda, da marujada e dos ternos de reis. Uma Bahia onde o samba dos candomblés ainda está vivo. Uma Bahia que vive. Que respira. Quando garotinha, Mariene de Castro sambava em frente ao espelho, cheia de pulseiras e vestida de baiana. Tinha música em abundância em casa, cantava junto de sua avó e teve influência do tio instrumentista. Hoje, com 15 anos de carreira e premiações como o Prêmio TIM de Música para melhor disco regional, a cantora natural de Salvador recheia o menu de seu segundo disco, 'Santo de Casa - Ao Vivo' (Universal Music, R$ 25 em média) com a riquíssima cultura popular de seu estado.
Cinco anos após lançar 'Abre Caminho' seu álbum de estreia, Mariene mergulha no resgate de uma cultura que ficou perdida no tempo. 
Há seis anos envolvida com o projeto 'Santo de Casa' - que reúne várias formas de expressão cultural -, a cantora consegue agora fazer com que ganhe corpo e força.
Gravado ao vivo no Teatro Castro Alves, em 29 de maio, o álbum é rico. Mariene diz que as 15 canções do disco servem para mostrar ao público como o samba é cantado na Bahia. "O projeto é o encontro da cultura popular, do samba de roda, das manifestações populares que ninguém ouve falar", conta.
A cantora pergunta se o repórter conhece o ditado popular ‘Santo de Casa não faz milagre', e explica. "Esse álbum vem para contradizer isso, pois sou uma artista que não canta as coisas que normalmente se ouve saídas da Bahia, como axé e pagode. Não precisei sair da Bahia para ser reconhecida aqui, construí minha história e tive reconhecimento dela aqui. Isso é uma vitória muito grande, e só quem vive aqui sabe o quanto isso é uma conquista", exalta.
Saudação a Yemanjá se mescla à canções como 'Temporal', escrita por seu compositor e parceiro Roque Junior. A cantora traz também folclores como 'Tava Na Beira do Rio' e 'Peixe Vivo'. "Eu precisava mostrar como isso está vivo na Bahia. Esses grupos que estiveram no 'Santo de Casa', esses sambas de roda, compositores, esse universo da Bahia que pouco se conhece no Brasil. E o projeto vem para isso. Por isso um álbum ao vivo. Para mostrar como a Bahia está cantando o samba hoje", explica.
Da capital, mas com jeito de gente do interior, a mulher de fala mansa conta que hoje em dia quase não se nota as crianças brincando de ciranda, e que o trabalho visa resgatar essa cultura. "São coisas que ouço desde pequena, que me emocionam. Eu canto o que eu sinto. As crianças não brincam mais de roda; precisamos resgatar essas coisas mesmo", diz Mariene. 
Com produção da própria cantora, ao lado de Gerson Silva, 'Santo de Casa' tem o respaldo de um grupo de músicos arranjadores atentos a cada detalhe da obra. Mariene e os músicos, juntos há 12 anos, conseguiram maturar e enriquecer a obra. "É um trabalho que vem de um laboratório de shows. Os arranjos foram construídos, experimentados e arrumados por toda a banda. Esse trabalho é feito coletivamente. A concepção musical vem desse tempo todo junto com os músicos. Eu sem eles não tenho a mesma história para contar. A gente conta essa história juntos", encerra.




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