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Pequenas e médias empresas sofrem com a crise financeira

Pesquisa realizada pelo Sebrae aponta redução no caixa de empresas da região; faturamento caiu 16,5%

Marcos Seabra
Do Diário do Grande ABC
16/03/2009 | 07:00
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As micro e pequenas empresas paulistas e do Grande ABC estão com menos dinheiro em caixa. De acordo com pesquisa mensal realizada pelo Sebrae, a receita das companhias teve queda de 16,5% no faturamento médio real em janeiro, em comparação ao mesmo mês do ano anterior.

O recuo no faturamento médio foi maior nas mais de 81 mil micro e pequenas empresas do Grande ABC: 21,1%. Na cidade de São Paulo a retração foi de 18,2%. O resultado é o pior registrado para o mês de janeiro dos últimos sete anos.

Em média, as micro e pequenas empresas faturaram R$ 14.372 em janeiro de 2009. No primeiro mês de 2008 - o melhor janeiro registrado desde 2003 - o faturamento médio real das micro e pequenas paulistas foi de R$ 17.206.

Entre os motivos apontados como responsáveis pela queda da receita estão o impacto da crise financeira internacional na economia brasileira, a dificuldade de acesso ao crédito e a reação conservadora das companhias e dos consumidores em relação aos investimentos e consumo.

"Essa queda está relacionada à redução da atividade econômica e menor liquidez no mercado, particularmente em setores cujas vendas são mais dependentes de financiamento", analisa Ricardo Tortorella, diretor superintendente do Sebrae-SP.

Para o dirigente da instituição, os dados mostram que, apesar dos esforços do governo, as medidas adotadas até agora não foram suficientes para reduzir os impactos da crise no sistema produtivo.

"É chegada a hora de os governos federal e estadual darem respostas aos empresários na velocidade que o empreendedor precisa", enfatiza Tortorella.

SETORES - O setor industrial apresentou a maior retração em 12 meses: 20,7%. Os segmentos mais afetados foram os de bens de consumo duráveis e bens de capital, incluindo o setor de autopeças e de artefatos de metal, especialidade das empresas do Grande ABC. Comércio e serviços registraram quedas de 19,6% e 5,6%, respectivamente.

Segundo Marco Aurélio Bedê, economista do Sebrae-SP, os segmentos mais prejudicados foram os que dependem de crédito para financiar capital de giro e os que dependem das vendas a prazo (ou seja, os que vendem itens financiados).

Como exemplo, ele cita produtos de metal, insumos industriais básicos (borracha, plástico, química, madeira, metalurgia básica), máquinas e equipamentos, aparelhos e materiais elétricos, autopeças e comercialização de veículos.

Nível de confiança de empresários cai 17,7%

Segundo o IC-PMN (Índice de Confiança do Empresário de Pequenos e Médios Negócios no Brasil), divulgado nesta semana pelo IBMEC São Paulo e pelo Grupo Santander Brasil, mostra que o nível de confiança dos empresários do setor de pequenas e médias empresas caiu, ficando em 57,2 pontos em março.

O indicador, que começou a ser divulgado em novembro do ano passado, aponta as expectativas dos empresários em relação ao desempenho da economia do País, do seu ramo de atividade e de sua empresa.

Construído em uma escala de zero a 100 pontos, sendo 100 o nível máximo de confiança, o IC-PMN de março teve queda significativa, passando de 69,5 (número apurado em novembro) para 57,2 pontos. A queda registrada, na comparação com o resultado divulgado em novembro de 2008, foi de 12,3 pontos (ou 17,7%).

O índice mostra que os empresários de pequenos e médios negócios estão bem menos otimistas quanto às perspectivas para os próximos três meses.

Segundo o coordenador do Centro de Pesquisas em Estratégia do IBMEC São Paulo, Danny Claro, "o IC-PMN é um importante balizador de acontecimentos futuros, permitindo que o empresariado e o governo tomem decisões". "Nesse momento onde as incertezas são ainda grandes, pudemos capturar uma queda no otimismo do pequeno e médio empresário. Interessante notar que apesar da queda o índice ainda está acima do patamar de neutralidade".

CONFIANÇA - Todos os aspectos capturados pelo índice mostram diminuição na confiança dos empresários. A perspectiva de aumento de pessoas que trabalham na empresa caiu de 68,4 para 52,6 pontos.

Em relação ao desempenho geral da economia, o indicador caiu de 65,5 para 52 no período. Porém, o indicador que aponta a confiança em relação ao desenvolvimento do seu próprio negócio alcançou 62,5 pontos, o mais elevado entre todas as questões investigadas.

"É importante saber que mesmo em momentos de maior incerteza, os empresários acreditam no desenvolvimento de suas próprias empresas", avalia Ede Viani, superintendente executivo de pessoa jurídica do Grupo Santander Brasil. Os empresários do Nordeste foram os que demonstraram maior queda da confiança, apontando uma redução de cerca de 21,3%.

O levantamento do segundo IC-PMN foi feito a partir das respostas de 1.200 empresários das cinco regiões do País e de três ramos de atividade (comércio, serviços e indústria), que responderam à pesquisa por entrevistas telefônicas feita entre 27 de janeiro e 10 de fevereiro. Fazem parte da amostra empresas que faturam até R$ 20 milhões/ano.




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