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Empréstimo fica mais caro
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21/09/2008 | 07:09
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O primeiro impacto da crise internacional para o consumidor brasileiro será o maior rigor dos bancos na concessão do crédito. Embora a expectativa de crescimento dos empréstimos continue em alta - pelo menos até dezembro -, as condições devem ficar menos favoráveis, com prazos mais curtos e juros maiores.

"Empréstimos de 80 e 90 meses (6 anos e meio e 7 anos e 5 meses, respectivamente) terão as parcelas reduzidas para entre 48 e 60 meses (4 anos e 5 anos, respectivamente)", diz o vice-presidente do Bradesco, Norberto Barbedo.

Ele explica que, nesse segmento, o principal fator de preocupação está associado à evolução de emprego e renda, que impacta diretamente os índices de inadimplência.

O problema dos bancos, neste momento, não é a falta de dinheiro para emprestar aos consumidores, mas a incerteza do que virá, destaca o vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel Ribeiro de Oliveira.

Segundo o executivo, do ponto de vista de capitalização, as instituições brasileiras estão muito bem e não teriam motivo para reduzir a oferta de crédito. "A maior preocupação é que toda essa turbulência afete a economia interna e mexa nos dois pilares de crescimento do crédito (emprego e renda), elevando o calote. Por isso, os bancos serão mais cautelosos e seletivos. Ninguém vai querer fazer um financiamento muito longo e correr o risco de ter prejuízo".

Nos últimos anos, a taxa de crescimento do crédito para pessoa física tem superado a casa dos 30% ao ano e sustentado a forte expansão da economia interna. O movimento contribuiu para que o volume de crédito no País atingisse o recorde de 37% do PIB (Produto Interno Bruto) em julho deste ano, fato que contribuiu para o Banco Central manter o ciclo de aperto monetário.

A alta da Selic (taxa básica de juros), que está em 13,75% ao ano, vinha encarecendo o crédito ao consumidor desde abril, quando a taxa era de 12,25% ao ano.

Hoje, com o agravamento da crise internacional, o custo dos empréstimos deve ficar mais salgado. Com o fechamento do mercado de capital externo e doméstico, as empresas vão recorrer mais ao sistema financeiro nacional para se financiar. Isso significa aumento de demanda e, conseqüentemente, de preços.

No primeiro semestre, os empréstimos para grandes companhias cresceram 30% em comparação com 2007 devido as dificuldades de fazer captações no exterior. Apesar das restrições, o cliente pessoa física tende a sofrer menos que empresas neste momento de maior turbulência no mercado internacional.

Em condições normais, emprestar dinheiro para o cliente pessoa física e pequenas e médias empresas é muito mais rentável, já que os juros são maiores. Apesar do custo, os consumidores aceitam as condições, desde que as parcelas se enquadrem no orçamento familiar.




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