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Essencial para região,
coletor de lixo comemora seu dia

Neste ano, greve da categoria trouxe à tona importância da atuação do profissional

Daniel Tossato
especial para o Diário
20/09/2014 | 07:07
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Andréa Iseki/DGABC


Eles são muitos, mas passam despercebidos pela maioria das pessoas. Coletam aquilo que descartamos todos os dias. Os relatos sobre seu trabalho, ao longo da história, são vários e vêm desde os tempos da antiga Roma. No Brasil, seu início se deu em 1885, quando o governo federal contratou profissionais para recolher o lixo das praias. O trabalho fez sucesso e espalhou-se pelo País. Eles são os coletores de lixo e hoje, dia 20 de setembro, comemora-se o dia deles.

Em toda a região, a coleta de lixo é feita por aproximadamente 1.200 pessoas. A remuneração mínima total (salários mais benefícios) dos coletores totaliza em torno de R$ 1.800.

“Trabalho com dignidade. Não basta ter apenas disposição. É preciso ter coragem”. Com quase metade da vida devotada à coleta de lixo, Agnaldo Calixto, 40 anos, abre um largo sorriso ao frisar a importância que sua categoria tem nos dias de hoje. “Talvez sejamos os trabalhadores mais importantes da atualidade. Ninguém quer viver em meio à sujeira.” A região sentiu isso no começo deste ano, quando a categoria passou sete dias em greve por melhores salários.

Calixto destaca o carinho que recebe todos os dias por onde passa. “O clima na hora de trabalhar é muito bom”. O profissional, que é casado e pai de quatro filhos, ainda arranja tempo para se divertir. “Jogo futebol, videogame, apesar de estar cansado, sempre separo um tempo para a família”, comenta. Calixto é enfático ao dizer que, apesar de os filhos se orgulharem de sua profissão, não gostaria que seguissem pelo mesmo caminho.

“É por causa deste serviço que consegui comprar minha casa e meu carro.” É assim que Robson da Silva, 24, define o quão importante é trabalhar como coletor de lixo. Casado e pai do pequeno Hugo Gabriel, 5 meses, o alagoano chegou a Santo André quando tinha 2 anos. Estudou até a 8ª série, mas largou os estudos para trabalhar e ajudar a família a pagar as contas.

Dentre as ocupações, já foi pintor de residências e mecânico, todos empregos sem registro. Foi quando apareceu a oportunidade de começar a atuar como coletor. “Precisava de um emprego com carteira assinada e um conhecido me indicou esta vaga. Não pensei duas vezes”, diz.

Silva é o mais novo na equipe, que conta com quatro profissionais – um motorista e três coletores. Apesar do trabalho árduo, há espaço para diversão. “A rapaziada é bacana, apesar de pouco tempo junto deles, já me sinto acolhido. Esse clima de brincadeira ajuda para que o trajeto que fazemos passe mais rápido”, diz. E por falar em trajeto, Silva afirma fazer pelo menos 33 quilômetros diários de caminhada quando está trabalhando.

Alertados pelo motorista da equipe que teriam que partir, os dois profissionais saem correndo pela rua como crianças que estão comemorando um aniversário. Felizes, sobem no caminhão e partem para mais uma jornada de trabalho. 




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