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'Maldição da sucessão' completa 36 anos em Sto.André
Por Leandro Laranjeira
Do Diário do Grande ABC
17/11/2008 | 07:00
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A recente derrota do PT na corrida sucessória em Santo André não significou apenas uma quebra no poderio do partido na cidade, que no final deste ano completa 12 anos. O revés representou a continuidade de um tabu que vem se tornando cada vez mais difícil de ser quebrado: o de um prefeito conseguir fazer o sucessor.

A última vez em que isso ocorreu no município foi no distante 1972, portanto, há 36 anos. À época, o hoje tucano Newton Brandão apoiou a vitória do então colega de partido Antonio Pezzolo, do extinto Arena. Desde então, os chefes do Executivo vêm acumulando seguidos insucessos na tentativa de transferir votos aos escolhidos.

A questão fica ainda mais evidente quando é considerada a reeleição. Os dois únicos prefeitos que concorreram a um novo mandato consecutivo na cidade obtiveram êxito: Celso Daniel e João Avamileno, ambos petistas.

Importante ressaltar, porém, que nas únicas vezes em que eles se ‘aventuraram' a apoiar alguém saíram derrotados. Celso não elegeu seu vice-prefeito, José Cicote, em 1992 - ainda que ele não fosse o preferido do prefeito na prévia - mas voltou ao Paço em 1996.

Avamileno - reeleito em 2004 após herdar a Prefeitura de Celso (assassinado no início de 2002) - venceu a prévia com o deputado estadual Vanderlei Siraque (também em uma disputa em que o prefeito não ficou ao lado do vice), mas perdeu a eleição.

"O que me deixa chateado não é ter falhado na quebra do tabu. Isso é o menos importante. O problema é não ter feito o sucessor e garantido a continuidade do partido. Mas faz parte do processo democrático, temos de respeitar. A página foi virada, como o vencedor gosta de falar. Quem sabe daqui a quatro anos conseguimos voltar a página", disse, referindo-se ao discurso usado por Aidan Ravin (PTB), prefeito eleito, para quem Santo André tinha de virar a página de sua história, em alusão aos números dos partidos no segundo turno - 13 (PT) e 14 (PTB).

Na opinião dos especialistas ouvidos pelo Diário, o fenômeno de um prefeito não transferir votos para o sucessor ocorre em função da "personalização" das eleições.

Para o cientista político Rui Tavares Maluf, os eleitores levam mais em consideração o nome do candidato do que o partido. "Em Santo André, por exemplo, diferentemente do que ocorre em Diadema, podemos considerar a individualização da política, na qual a transferência de votos não é automática, além do esgotamento do PT na cidade."

Marco Antonio Carvalho Teixeira, também cientista político, avalia que dificilmente uma pessoa transfere o seu prestígio para o candidato que gostaria de ver no lugar dela. "Como não temos presença forte da cultura do partido na eleição, o voto fica personalizado."




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