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Febre maculosa põe bairro de Sto.André em alerta
Por Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
25/08/2005 | 07:59
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A confirmação da morte da estudante Juliana Finotti de Oliveira, 24 anos, no último dia 30 por febre maculosa colocou novamente o bairro Clube de Campo em estado de alerta. É que em abril o garoto Rodrigo Afonso, 10 anos, morador da localidade, foi vítima da mesma doença. As famílias das duas vítimas disseram quarta-feira que ainda não receberam os resultados dos exames.

A preocupação dos moradores do local – região periférica de Santo André considerada área de preservação de mananciais – se apóia em números. Já foram registrados este ano no Estado nove casos de febre maculosa, causada pelo carrapato-estrela contaminado com a bactéria Rickettsia rickettsii. Dos nove casos, seis resultaram na morte dos pacientes, incluindo as duas mortes em Santo André. Os demais casos registrados são: um na capital, um em Valinhos, um em Jaguariúna e outro em Itu. Os três casos que não resultaram em óbito foram registrados em Piracicaba (dois) e Valinhos (um).

Segundo a Secretaria de Saúde do Estado, no ano passado foram confirmados

34 casos de febre maculosa em São Paulo, com 11 óbitos, dos quais um em Diadema, três em Mauá, um em Ribeirão Pires e um em São Bernardo. Santo André não registrou nenhum caso em 2004.

O irmão de Juliana, o balconista André Cristiano de Oliveira, 27 anos, disse quarta-feira que a família ainda não havia recebido da UBS (Unidade Básica de Saúde) do bairro o resultado dos exames feitos nos tecidos do corpo da estudante e que identificaram a causa da morte. As análises foram feitas pelo Instituto Adolfo Lutz.

O balconista afirmou que a família pensa em tomar providências na Justiça contra o município. "A Juliana ficou vários dias sendo atendida. Primeiro aqui na UBS do bairro, depois no Pronto-Atendimento da Vila Luzita, e demoraram para fazer exames que apontassem a causa da doença. Acho que foi negligência". Juliana faleceu no Centro Hospitalar Municipal de Santo André.

A mãe do garoto Rodrigo Afonso, Zinei Aparecida, 35 anos, também aguarda o laudo dos exames do filho. "Ele faleceu no Hospital Evaldo Foz (capital). Só me ligaram informando que a causa da morte foi a febre amarela, mas não recebi nenhum documento."

Segundo Zinei, o martírio do filho durou uma semana. Os primeiros socorros ao menino foram prestados na UBS do Clube de Campo. "Ele foi levado umas quatro vezes para o PS da Vila Luzita. Só então pediram exames. O resultado apontou que meu filho estava perdendo sangue pela urina. Assustada, resolvi levá-lo para o Evaldo Foz, mas já era tarde. Internei em um dia e ele morreu no outro".

"Estamos amedrontados. Quando adolescente, morei no meio do mato, em um sítio em Águas do Cedro, e nunca ouvi falar dessa doença. Também convivíamos no meio de cavalos, vacas, cachorro. Lá também é área de preservação", comentou a dona-de-casa Izabel Ronqui Foltran, 41 anos.

A Prefeitura informou que continuará com a campanha de esclarecimentos no bairro com palestras em escolas e reunião com moradores. Nos próximos dias também deverá instalar placas orientando as pessoas a não entrarem na mata e que prendam animais como cavalo e cachorro. Esses animais servem de hospedeiros para o carrapato-estrela.

Previna-se
Use roupas claras para facilitar a identificação dos insetos. O ideal é cobrir-se o máximo possível, com blusas de manga longa, calças compridas, meia e sapato fechado.

Evite lugares com grande concentração de animais (cachorros, cavalos, galinhas etc.)

Verifique a cada três horas todo o corpo. A doença só é transmitida após quatro horas de permanência do carrapato na pele.

Para retirar, evite espremer o inseto para que a bactéria não penetre na pele ou em feridas.

O correto é puxá-lo com cuidado, com um movimento circular de baixo para cima, evitando machucá-lo e retirá-lo sem as garras.

Mergulhe o carrapato em álcool, detergente ou água com sal.

Mantenha o inseto intacto para evitar a proliferação da bactéria.

Examine os animais domésticos ao menos duas vezes na semana. Não use venenos na pele. Não existem repelentes contra carrapatos.

Tratamento
Feito à base de dois antibióticos: cloranfenicol ou tetraciclina. Em alguns casos, também podem ser administrados ao paciente antimicrobianos voltados ao controle das possíveis complicações renais oriundas da doença.

Sintomas da febre maculosa
Febre que varia entre moderada e alta. Acompanham dores de cabeça, manchas avermelhadas, tosse e hipertensão arterial.




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