A indústria automobilística brasileira registrou em outubro deste ano um total de 101,3 mil pessoas empregadas, 2,6% mais que em setembro último e que representou o melhor nível de emprego no segmento desde novembro de 1998, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Desde 1998, o setor não superava a marca dos 100 mil postos de trabalho. Além da marca recorde, de janeiro a outubro de 2004, todos os meses tiveram mais contratações do que demissões na atividade. Contabiliza-se 10.450 postos de trabalho gerados neste ano até agora, o que se traduz em uma média mensal de 1.045 admissões.

Se as contratações se mantiveram crescentes, o mesmo não ocorreu com a produção e as vendas nacionais de veículos no mês, que apresentaram retração na comparação com setembro. Houve uma queda de 6% na fabricação mensal de veículos (para 190,9 mil unidades produzidas) e uma variação negativa de 0,6% no volume comercializado (136,9 mil veículos) no mercado interno no mês passado em relação ao mês anterior.

Os ventos desfavoráveis das vendas domésticas do segmento foram em parte compensados pelo bom desempenho das exportações, que continuam a impulsionar a atividade. As montadoras brasileiras tiveram expansão de 8,6% em unidades comercializadas (62.536 veículos) ao mercado externo no mês frente a setembro e, em valores, as encomendas mensais ao exterior (incluindo máquinas agrícolas) somaram US$ 796 milhões. No acumulado do ano (janeiro a outubro), totalizam US$ 6,8 bilhões, 50,5% mais que o obtido no mesmo período de 2003.

O presidente da Anfavea, Rogelio Golfarb, comemorou os bons números no campo externo e relativizou um pouco a queda no mercado interno. Para ele, as vendas no mês (136,9 mil unidades) no país estão ainda dentro das expectativas e, pela média diária de comercialização, continuam em expansão.

Foram 6,8 mil veículos vendidos por dia, uma alta de 4,4% ante setembro. Isso ocorre porque outubro deste ano teve menos dias úteis (20) em relação aos 21 dias do mês anterior. Na comparação com outubro de 2003 (queda de 2,8% no total vendido), também houve expansão (11,8%) pela média diária, já que o mesmo mês de 2003 teve 23 dias úteis.

Golfarb ressaltou que será preciso um volume de vendas de 139 mil unidades mensais nos últimos dois meses para que o segmento alcance a meta de fechar o ano com 1,54 milhão de veículos vendidos, para dessa forma crescer 7,8% em relação ao total comercializado no ano passado.

Projeções - O dirigente afirmou que espera que o setor atinja, até o fim de 2006, 2 milhões de unidades de veículos no mercado interno. A meta é ambiciosa, já que para tanto seria necessário uma expansão de quase 15% ao ano nos próximos dois anos. Para 2005, Golfarb tem a perspectiva de que as vendas domésticas cresçam de 5% a 8%.

O segmento vê o total de 2 milhões de unidades como um número mágico a ser alcançado. O volume ajudaria a reduzir o alto nível de ociosidade das fábricas e contribuiria para as companhias direcionarem investimentos, para garantir a continuidade da produção de veículos modernos, a custos reduzidos (com produtividade) e com qualidade.

A Anfavea reivindica do governo uma política setorial que ofereça tanto mecanismos de financiamento quanto redução da carga tributária. "O Brasil tem a maior carga tributária do mundo, a maior taxa de juros e uma renda não muito alta. Compatibilizar isso tudo é fundamental", disse. O presidente da Anfavea afirmou ainda que se trata de um plano para longo prazo. Ele salientou que a entidade ainda não está em processo de negociação com o governo.