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Dólar sobe e acumula alta de 9,6%
Por Fernando Bortolin
Do Diário do Grande ABC
24/05/2006 | 07:28
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Trégua. Essa foi a síntese após o fechamento do mercado financeiro terça-feira, expressa por analistas de mercado que operam nos segmentos de ações, ouro, dólar e juros no Brasil. Desses quatro ativos financeiros, apenas a bolsa sofreu revés. Caiu 1,06%. O grama do ouro negociado na Bolsa de Mercadorias e de Futuros registrou a maior valorização, de 4,93%, seguido pelo dólar, que subiu 0,17% ante o real, cotado a R$ 2,2930 na ponta-de-venda.

O juro foi quem sofreu os maiores ataques terça-feira. Também subiu, o que acena positivamente para quem tem investimentos na renda fixa, mas negativamente para quem espera pela continuidade de cortes profundos sobre o juro básico, a Selic, no Copom dos dias 30 e 31 de maio. Se depender dos juros negociados terça-feira, a Selic reduziu o espaço de queda de 0,75 ponto percentual, para, no máximo, 0,25 ponto.

Dólar – Empresários ouvidos pelo Diário avaliam a atual decolagem do câmbio como um fator extremamente positivo, principalmente os exportadores. Com a valorização de terça-feira, a moeda norte-americana registra alta de 9,61% em maio, reduzindo a perda no ano para apenas 2,17%. No mercado futuro da BM&F, onde os bancos e empresas fazem apostas sobre quanto valerá o dólar nos próximos meses, o placar fechou o dia com preço de R$ 2,2980 para maio e R$ 2,32 para junho. Sobre a taxa de câmbio de terça-feira, isso sinaliza uma valorização potencial de 1,18%, ou quase a eliminação das perdas cambiais registradas ao longo deste ano.

Inflação – Essa aposta futura de continuidade na valorização da moeda norte-americana, porém, depende do cenário externo. A inflação projetada para os Estados Unidos é de 2% em 2006 e o juro pode bater em 6%, ante os atuais 4,75%. Esses são os dois números que estão assustando os mercados globais e cujos desdobramentos diários serão impactados por indicadores de desempenho que podem quebrar a trégua de terça-feira. Hoje, por exemplo, a divulgação de dados como nível de encomendas de bens duráveis e vendas de imóveis residenciais, nos EUA, a confiança do empresário alemão, na Alemanha, e a reunião do Banco Central do Canadá, devem ditar os rumos dos mercados internacionais, com fortes impactos no país.

No Brasil, a inflação também será um problema premente. A safra de altas bate à porta, por força dos reajustes de tarifas públicas e agora revigorada pela abrupta alta do dólar. Em linguagem objetiva, isso representa inflação à vista, o que beneficia investimentos na renda fixa pós-fixada (indexada ao IGP-M e TR), mas penaliza o consumidor mais simples, que depende da cesta básica, que toma ônibus, trem, metrô.

Bolsa – Por mais que o governo acene com sinais de tranqüilidade, a bolsa de valores atravessa um dos momentos mais sérios de erosão do capital estrangeiro. Cerca de R$ 2,6 bilhões em recursos externos deixaram o mercado neste ano, tornando a conta deficitária em R$ 620,2 milhões. Com o recuo de 1,06% de terça-feira, o Ibovespa acumula desvalorização de 10,54% no mês. No ano, ainda exibe ganho de 7,93%, mas abaixo da valorização do dólar, de 9,61% no mesmo período.

O lado bom dessa fuga de capital externo é que isso foi feito em cima das ações de maior liquidez, como as da Petrobras e Vale do Rio Doce, por exemplo. Por essa razão, os preços dos papéis estão baratos, valendo a pena comprá-los hoje, esperando por melhoria do quadro no longo prazo. (Com agências)




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