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Jorge Bornhausen 'detona' o governo e é aplaudido
Por Arthur Lopez
Do Diário do Grande ABC
27/08/2005 | 07:32
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O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), fez sexta-feira as mais duras críticas públicas já dirigidas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e arrancou aplausos de dezenas de empresários do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). A primeira manifestação coletiva de importantes industriais do Estado contra o presidente ocorreu logo após Bornhausen dizer estar encantado com o atual momento de crise política, "porque vamos ficar 30 anos livres dessa raça", sem explicar a quem se referia.

"O presidente Lula está fugindo (de dar explicações ao país sobre a crise política). Já não é habituado a trabalhar e agora, então, ele não quer mais nada com o trabalho. Ele procura se dirigir à sociedade tentando fugir de suas responsabilidades, fazendo encenações desnecessárias e não é isso que a sociedade brasileira espera de um presidente da República", criticou o senador pouco antes da palestra aos empresários sobre legislação eleitoral. Para Bornhausen, "Lula deveria começar a governar, o que não fez desde o primeiro dia (de governo)".

Questionado se os aplausos de seus colegas poderiam ser interpretados como o primeiro indício de reprovação do empresariado ao governo Lula, o presidente do Ciesp, Cláudio Vaz, saiu pela tangente: "Aconteceram porque eles são cidadãos com amplo direito de se manifestar". A liderança empresarial explicou que o descontentamento da platéia deu-se "pelo que foi prometido e não realizado", como, segundo ele, a falta de ações para a recuperação da infra-estrutura. "Como as obras em sete mil quilômetros de estradas não implementadas, além de ações de interesse social, saneamento e em relação às agências reguladoras."

Cláudio Vaz reconheceu, no entanto, que houve um crescimento econômico de 5% em 2004 e a previsão de 3% este ano. "É melhor do que nada depois de três anos de crescimento nulo." Mesmo assim, o empresário disse que não houve uma contribuição efetiva para a melhoria da qualidade de vida da população.

Câncer -Os empresários evitaram falar sobre as denúncias de corrupção, mas o senador Bornhausen foi direto ao assunto: "A apuração não é rápida porque a corrupção no governo Lula ocorreu como um câncer, com metástase em todas as partes do corpo. Onde abre, estatal ou administração direta, tem corrupção." Para o pefelista, o presidente é o grande responsável porque é ele que escolhe seus auxiliares. "Estamos em um regime presidencialista, se fosse parlamentarista já estaria tudo resolvido, com a queda do governo e convocação de novas eleições. Seria o sistema mais adequado ao Brasil", disse o senador.

Segundo Bornhausen, "não houve ainda uma base forte para fundamentar os pedidos de impeachment, mas que há indícios graves de crimes de responsabilidade, isso é inegável". O senador assegurou que no final das apurações haverá punições, mas talvez nem todos sejam punidos "por falta de provas documentais".

Eleições - Mesmo com esse discurso, o senador garantiu que não faz críticas fortes. "Elogio e critico quando merece", afirmou. Bornhausen disse que Lula é o único candidato em campanha atualmente. "Fizemos um balanço dos 750 dias de governo e constatamos 600 pronunciamentos. Ele está em campanha desde o primeiro dia de governo."

Na análise de Bornhausen, Lula não será reeleito, nem chegará ao segundo turno. "Nunca vi nenhum candidato a cargo majoritário, acusado de corrupção que possa ganhar uma eleição. As acusações são graves e quando é acusado dessa forma, o candidato fica toda a eleição se defendendo, sem condições de ir a comícios, de sair para a rua. É um candidato morto."

Bornhausen participou de uma reunião do Centro de Estudos Estratégicos e Avançados do Ciesp. No evento, o senador falou sobre suas propostas de modificação da legislação eleitoral, fazendo uma forte defesa da fidelidade partidária. O PFL elegeu 83 deputados e atualmente conta com apenas 58. "Só dois dos que saíram continuam na oposição", referindo-se à ação do governo em cooptar parlamentares. Segundo o pefelista, "por causa do mensalão".



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