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Um terço das mulheres sofreu ou presenciou assédio em trens

Número faz parte de levantamento da CPTM com 1.300 usuárias do sistema; menos de 25% registram denúncia

Por Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
30/07/2021 | 00:01
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Denis Maciel/ DGABC


Um terço das mulheres que utilizam trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) já sofreu ou presenciou algum tipo de importunação sexual dentro das composições. Isso que mostra levantamento elaborado pela companhia e denominado Pesquisa Voz Feminina, que ouviu 1.300 usuárias, em várias linhas, entre os dias 6 e 7 de maio deste ano, das quais 32,1% relataram que passaram pelo problema.

A pesquisa tem o objetivo de mostrar qual é a visão das mulheres sobre a operação da empresa que administra os trens da rede. A região é servida pela Linha 10-Turquesa, que mantém nove estações no Grande ABC, partindo de Rio Grande da Serra e seguindo até a Estação Luz, na Capital.

O levantamento aponta que três a cada dez mulheres já relataram episódio de importunação sexual dentro de estações e dos vagões de trens administrados pela CPTM. No ano passado, entretanto, a empresa, por meio da mesma pesquisa, informa que o número de relatos chegou a 47,6%.

A cabeleireira Debora Oliveira, 37 anos, que mora em Mauá, avalia que os serviços oferecidos pela CPTM melhoraram muito nos últimos anos. A mulher diz que usa os trens da Linha 10 desde 2002 de forma regular, mas em horários alternativos. “Uso a linha diariamente, mas, geralmente, fora do horário de pico, o que dificulta a ação dos assediadores. Sinto, inclusive, que os trens são bem mais policiados. Mas acredito que seja por causa dos vendedores ambulantes”, declarou Debora, que relatou ter passado por episódio de importunação sexual há 20 anos.

Outra usuária da Linha 10, Claudia Pereira, 33, moradora de São Bernardo, também já passou por situação de importunação dentro dos vagões dos trens da CPTM. Na ocasião, com a composição lotada, Claudia decidiu se afastar do agressor e sair do trem, foi quando o homem se distanciou. “Quando eu desci na estação, vi que não tinha nenhum segurança na plataforma”, relembrou.

De acordo com a companhia, os dados do levantamento são usados para melhorar o serviço. “Ouvir as nossas passageiras e entender como elas enxergam o sistema e como ele pode ser melhorado é cuidar da maior parcela de pessoas que viajam pela CPTM. Além da questão fundamental do respeito, isso faz parte do nosso objetivo de promover viagens seguras e confortáveis para todos”, afirma Pedro Moro, presidente da companhia.

Na pesquisa a CPTM relata que apenas 11% das mulheres que declararam ter passado por episódio de importunação dentro dos trens elaboraram denúncia. Já quando o ato ocorreu na estação, o percentual sobe para 25%.

Diretora administrativa e financeira da CPTM, Gilsa Eva de Souza Costa declarou que a mulher tem que denunciar qualquer tipo de importunação sexual, já que, só assim, as autoridades podem coibir esse tipo de atuação criminosa. A pesquisa, que atinge sua quarta edição, também detectou que as mulheres são maioria entre os passageiros transportados diariamente pela companhia: 55,6%.

“É fundamental que a usuária denuncie qualquer tipo de importunação sexual. A mulher é uma vítima, e quando ela denuncia a CPTM e os órgãos de segurança podem, de fato, tomar uma atitude para coibir esse crime. Para nós, é muito importante dar um fim a isso. O criminoso tem que ser localizado e punido”, declarou Gilsa.




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