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As mães e os pingos de pinho!
Por Antonio Carlos do Nascimento
10/05/2021 | 00:01
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Durante a vida nossa memória coa algumas lembranças que se instalaram densamente em nossos cérebros, pulsam todas as vezes que caibam como referência para um fato contemporâneo.

Em minha infância eram comuns os carrinhos de doces em frente às escolas e alguns artigos nunca faltavam, estavam sempre lá, tal qual o pequeno pacote verde dos ‘Pingos de Pinho’. Eu não os comprava exatamente pela sensação de frescor que fornecia, por muito tempo eu os adquiri porque minha mãe gostava dos pensamentos impressos em um diminuto papel que acompanhava o produto e me fazia bem ver seu interesse naquelas pequenas frases.

Estava entre os plásticos que se estendiam na parte superior do compartimento das balinhas, não se via o que estava escrito até que se abrisse o minúsculo envelope, então eu destacava esse trecho para compartilhar a novidade com ela em casa.

Lembro-me bem que “não há bem que sempre dure e não há mal que não pereça”, de mesmo conteúdo “depois da tempestade vem sempre a bonança”, e com isto me visto sempre que o céu escurece, pois, de fato as coisas ruins passam. Por outro lado, bons tempos não são eternos, os convívios são finitos e isso nos garante a certeza de que restarão dolorosas ausências.

Me conforta essa compreensão, mais dia menos dia, virá o tempo novo pós-pandêmico, talvez não restemos melhores seres humanos, infelizmente, mas imagino que estaremos bem mais atentos.

Muito além das minhas aquisições literárias na banca de guloseimas, minha mãe possuía saberes que transformava em expressões, adotadas ou de sua criação, as guardava para pontuar momentos únicos. “Prefira a crítica que lhe constrói ao elogio que lhe engana” é uma daquelas que ouço sua voz a cada vez que faço ou recebo algum enaltecimento. Com isso, não opino inseguro acerca de qualquer pessoa ou ação e, de mesmo modo, não visto as roupas dos elogios como se fosse seguramente de meu merecimento; busco o fundamento da crítica judiciosa e procuro a correção do trajeto se necessário.

Talvez o alto clero dos comandantes de nosso País devesse se permitir a tais ponderações, pois, os elogios são de atributos fanáticos e alimentados por espírito vingativo, enquanto as críticas, se bem avaliadas e conduzidas, prumariam ainda mais os rumos da Nação.

A bíblica “Se Deus é por nós, quem será contra nós” era citação diária e embora esteja alinhado a bordão bem divulgado nos dias de hoje, seu cunho religioso ganhou dimensão politizada, mas a que guardo é a do Deus generoso, que nos quer cuidando dos doentes e prezando a vida.

Na coluna de hoje (e como se fosse ontem), intencionalmente não abordei nenhum tema científico, proposta deste espaço, mas procurei, à luz de minhas saudades, fazer esta singela homenagem a todas as mães, que em suas incondicionalidades sentimentais eternizam suas falas em nossos ouvidos para nos guiar pela vida inteira.

Eu não sei ao certo onde minha mãe colheu todos seus saberes tão pontuais e ao mesmo tempo amplos, atemporais e tão exatos, mas vou resumir o que sinto agora com a frase de Chico Xavier que a encantava: “Só muito tarde é que se vê que não se amou o bastante”. 




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