Política Titulo Elas na política
Quadro de mulheres no 1º escalão registra quase um terço do total

Apesar de pressão por espaços, representação feminina nos governos municipais é de 38 cargos entre 130 possíveis

Fabio Martins
Do Diário do Grande ABC
15/03/2021 | 07:00
Compartilhar notícia
Pixabay


 Mesmo diante da pressão por ampliação de espaços, o quadro de participação das mulheres no alto escalão dos governos municipais do Grande ABC pouco evoluiu no período de 12 anos – o que compreende os últimos três mandatos de prefeitos – e registra quase um terço do total. A lista de representação feminina envolve 38 cargos ocupados entre 130 possíveis no secretariado da região, o equivalente a 29%. Em 2009, o cenário era de 30 integrantes no contexto de 116 pastas existentes à época (25,86%).

O levantamento do Diário não inclui no cômputo casos de primeira-dama em fundos sociais. O Paço de São Caetano é, atualmente, o que mais emprega mulheres no escalão principal, que permaneceu quase que idêntico mesmo após saída do ex-prefeito José Auricchio Júnior (PSDB), indicando a manutenção do grupo com a entrada de Tite Campanella (Cidadania). São nove em meio a 19 secretarias (47,37%, confira arte ao lado). Há 12 anos, quando o tucano comandava o Palácio da Cerâmica, eram cinco, quantidade que colocava a cidade em patamar similar ao atual das cidades vizinhas.

Numericamente, Ribeirão Pires tem menor parcela de mulheres: são três em 14 setores no escopo de Clóvis Volpi (PL), equivalente a 21%. Em termos percentuais, Santo André possui índice inferior (17,39%). São quatro titulares no secretariado diante de 23 áreas da administração de Paulo Serra (PSDB), entre secretarias, autarquias e empresas públicas. A porção é bem próxima aos municípios de São Bernardo, chefiado por Orlando Morando (PSDB), Mauá, de Marcelo Oliveira (PT), e Rio Grande da Serra, de Claudinho da Geladeira (Podemos), todos com cinco.

“Acredito que há longo caminho a percorrer, mas temos avançado. Os prefeitos com quem trabalhei avaliavam questão técnica, não por gênero. Currículo, competência, não cai de para-quedas (no cargo). Em Santo André, por exemplo, tem bastante mulher adjunta ou com status de secretária, com quem lidamos na grande parte das vezes”, frisa a titular de Comunicação de Santo André, Luciana Patara, ao citar que a mudança é gradativa. “Para obter mais espaço tem que ter militância, isso demora.”

A maioria das prefeituras, por outro lado, aloca mulheres em pastas de destaque na gestão. Em solo andreense, por exemplo, Educação é comandada por Cleide Bochixio, enquanto que o setor é gerido por Silvia Donnini em território são-bernardense. Em Diadema, a área está nas mãos de Ana Lúcia Sanches e, em Ribeirão Pires, Rosi Ribeiro chefia a secretaria. O governo diademense absorve ainda auxiliares em Saúde e Planejamento. Em São Caetano, Saúde, Obras e Planejamento foram destinadas para figuras do sexo feminino.

Professora de Sociologia da UFABC (Universidade Federal do ABC), Arlene Martinez Ricoldi atribui parcela deste aspecto à lógica política. “Boa parte corresponde a alianças, nas quais se faz a articulação da formação dos governos”, disse, ao pontuar que a questão estrutural também pesa no contexto. “Mulheres ainda têm mais dificuldade de participar da política. Se não mexer na estrutura, não muda.”




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;