Política Titulo Justiça eleitoral
MPE de Diadema aprova avanço de investigação sobre ‘laranja’ do PDT

Promotoria recua e, após arquivar denúncia, pede oitivas de pedetistas; ação em Mauá prossegue

Por Junior Carvalho
Diário do Grande ABC
14/02/2021 | 07:00
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O MPE (Ministério Público Eleitoral) de Diadema aprovou o avanço da ação que investiga possível candidatura laranja do PDT no pleito do ano passado, que tramita na Justiça Eleitoral. Parecer da Promotoria pede que sejam ouvidos o ex-prefeiturável do partido, Ronaldo Lacerda, e o único vereador da legenda eleito, Jeferson Leite. A apuração sobre caso semelhante também caminha em Mauá.
 

No caso de Diadema, houve recuo na linha adotada pelo MPE, que havia arquivado investigação sobre a suspeita de que o PDT diademense lançou candidata a vereadora laranja para burlar a cota legal de gênero na chapa. O desempenho de Thaina Freire nas urnas – teve zero voto – e o fato de ela ter declarado não ter tido despesa alguma na campanha levantaram dúvidas sobre a autenticidade do seu projeto à vereança. A Promotoria, porém, encerrou o caso depois de ouvir a pedetista e não identificar fatos que “demonstrassem efetivamente prática de fraude às cotas de gênero feminino”.
 

O cenário mudou quando, no mês passado, dissidentes da cúpula do PDT diademense denunciaram o caso à Justiça Eleitoral e juntaram documentos que supostamente provam que Thaina foi de fato candidata laranja. Foi anexada transcrição de conversas no WhatsApp que mostra Lacerda, ex-prefeiturável e principal liderança do partido, admitindo que a candidatura de Thaina serviu apenas para garantir a presença de outros dois homens na chapa.
“Ou a gente colocava uma candidata mulher ou cortava dois homens (da chapa)”, teria dito o ex-prefeiturável, hoje secretário de Habitação no governo do prefeito José de Filippi Júnior (PT). A ação também traz imagens que revelam, em tese, que Thaina, na verdade, era cabo eleitoral de Jeferson – fotos em que aparece com adesivo da campanha do hoje parlamentar colado ao corpo.
 

Ainda não há decisão do caso, que tramita na 222ª Zona Eleitoral da cidade. Tanto Lacerda quanto Jeferson negam a prática. O hoje parlamentar, inclusive, frisa que não foi responsável pela formação da chapa e que essa responsabilidade era justamente dos ex-dirigentes que hoje patrocinam a denúncia.

MAUÁ - A suspeita sobre a existência de candidatas laranjas também paira em Mauá. Em dezembro, o juiz Marcos Alexandre Santos Ambrogi, da 217ª Zona Eleitoral, chegou a suspender a diplomação de quatro vereadores – Ricardinho da Enfermagem e Samuel Enfermeiro, do PSB; e Vaguinho do Zaíra e Márcio Araújo, do PSD – por suspeitas de fraudes à cota de gênero nos dois partidos, também motivadas por candidatas mulheres que tiveram zero voto. O TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo), porém, derrubou a decisão.
 

O caso segue tramitando na primeira instância e, recentemente, o magistrado que suspendeu a diplomação defendeu sua tese. Em despacho endereçado ao TRE-SP, citou que a denúncia revela “circunstâncias evidentes de candidaturas irregulares, anotando-se que os candidatos beneficiados em razão de tal ilegalidade ofendem o voto popular conferido aos candidatos que, em tese, respeitaram a cota de gênero, e não se sagraram vencedores”.




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