Política Titulo Saldo negativo
MDB fica sem prefeito, vice ou vereador pela 1ª vez

Partido, que chegou a ter seis prefeitos juntos, amargou ostracismo na região

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
31/01/2021 | 05:34
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DGABC


Partido com maior número de prefeituras pelo País e com candidatos competitivos para o comando da Câmara Federal e do Senado, o MDB ficou sem representante eleito no Grande ABC pela primeira vez na história. A sigla viu todos seus candidatos a prefeito, vice e vereadores serem derrotados na eleição do ano passado.

A sigla lançou apenas um militante ao comando do Executivo, e foi justamente o quadro de maior expressão regional. A ex-deputada Vanessa Damo (MDB), após série de contratempos de ordem pessoal e no campo jurídico, decidiu se reencontrar com as urnas, mas o desempenho ficou muito aquém do esperado: recebeu somente 2.948 votos, nona colocada em uma corrida com 12 prefeituráveis.

Cenário bem diferente do visto em 2012 – pelo MDB e por Vanessa. À ocasião, ela estava em pleno exercício do mandato na Assembleia Legislativa e vinha em ascensão eleitoral. A emedebista atingiu o segundo turno, foi superada por Donisete Braga (à época no PT, hoje no PDT), mas registrou saldo de 90.098 votos mauaenses.

Naquele ano, o MDB quebrava incômodo jejum de ficar duas décadas sem eleger prefeitos. Paulo Pinheiro (hoje no DEM) e Saulo Benevides (atualmente no Avante) partiram como azarões na eleição em São Caetano e em Ribeirão Pires, respectivamente. Batalharam contra as máquinas administrativas da ocasião e venceram. Porém, a dupla amargou a derrota quando buscou a reeleição, em 2016.

Cinco anos atrás, o MDB havia emplacado a vice de Atila Jacomussi (PSB) em Mauá, com a mãe de Vanessa, Alaíde Damo. A matriarca da família Damo chegou a assumir o Paço nas oportunidades em que Atila foi preso e cassado – ela rompeu com o socialista.

A queda de representatividade do MDB no Legislativo é observada há pelo menos duas eleições. Em 2012, o partido havia emplacado 12 cadeiras. Em 2016, só seis entre as 142 vagas. No ano passado, nenhum político filiado ao partido conquistou seu assento no Parlamento.

Em São Bernardo havia expectativa de emplacar nomes na Câmara. O partido orbitou a candidatura à reeleição do prefeito Orlando Morando (PSDB), que tinha dois quadros de confiança na linha de frente na legenda. Seu secretário de Segurança Pública, coronel Carlos Alberto (MDB), recebeu 1.321 votos. Filho do ex-prefeito Mauricio Soares, Mauricio Soares Júnior (MDB) computou somente 308 apoios. Nas demais cidades, a performance foi de coadjuvante no pleito. Até mesmo em Diadema, onde o MDB indicou a vice de Taka Yamauchi (PSD), que rivalizou com o prefeito José de Filippi Júnior (PT) no segundo turno – Maria do Socorro (MDB) foi escalada para a missão. Houve vice também em São Caetano – Tatiane Varjão foi número dois de Nilson Bonome (PSL).

O MDB viveu seu auge no Grande ABC na eleição de 1976, quando elegeu seis prefeitos – recorde jamais igualado na região. À época, a legenda emplacou Lincoln Grillo (Santo André), Tito Costa (São Bernardo), Raimundo da Cunha Leite (São Caetano), Lauro Michels (Diadema), Dorival Resende (Mauá) e Aarão Teixeira (Rio Grande da Serra).

Coordenador regional do MDB, Bruno Gabriel admite que o partido perdeu força de 2012 para 2020. Em 2018, ele lembra, as lideranças da sigla decidiram apoiar nomes de fora do partido nas eleições para deputado. Em 2020, todos os seis vereadores eleitos pela sigla abandonaram o MDB, fato que forçou um processo de reformulação das diretrizes da agremiação no Grande ABC.

“Fizemos um trabalho de reestruturação, buscando novas lideranças, as capacitando para a eleição. Infelizmente não elegemos, mas tenho certeza que saímos do ponto zero, da estaca zero. O MDB tem um projeto de médio e longo prazos, com time renovado e bacana, pensando em voos maiores para 2022 e, em especial, para 2024. A vitória do deputado Baleia Rossi na frente ampla pela Câmara Federal dará mais visibilidade ainda”, garantiu. 




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