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69% quitam dívida com consignado
Mariana Oliveira
Do Diário do Grande ABC
23/08/2005 | 08:25
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A maioria dos aposentados ou pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que obtém empréstimo consignado utiliza o dinheiro para o pagamento de dívidas, aponta pesquisa divulgada segunda-feira pela ABBC (Associação Brasileiro de Bancos) e realizada pelo Instituto Vox Populi. Os dados indicam que 69% do dinheiro é destinado para o pagamento de contas cujos juros são mais elevados que os do crédito consignado – para os beneficiários do INSS, as taxas variam entre 1% e 3,9% ao mês, enquantos os empréstimos pessoais comuns têm juros mensais, em média, de 5%.

Lançado em maio de 2004 pelo governo federal, o programa de empréstimos para aposentados ou pensionistas do INSS tem 28 bancos operantes que, juntos, tinham 3,7 milhões de contratos que totalizavam R$ 7,7 bilhões no último levantamento da Dataprev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social), em julho passado.

Do total de aposentados no país (18,8 milhões), 20% recorreram ao crédito consignado. Em São Paulo, o Estado campeão de empréstimos, foram R$ 2,266 bilhões em 953,9 mil contratos. No Grande ABC, não há dados consolidados sobre o total de empréstimos concedidos. Mas, se considerada a média nacional de R$ 2 mil por empréstimo, cerca de 60 mil pessoas (20% dos 300 mil aposentados da região) teriam obtido R$ 120 milhões em crédito.

A pesquisa foi realizada de 14 a 20 de junho, por telefone, com 509 beneficiários que fizeram empréstimos nos bancos Cacique, Cruzeiro do Sul, BMC, BMG, Cacique, Paine e Schahin nos Estados da Bahia, Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. As seis instituições são responsáveis por 1,6 milhão de contratos – 43% do total dos empréstimos consignados no país.

De acordo com o diretor da ABBC, Renato Oliva, que também é diretor do banco Cacique e diretor para Assuntos de Bancos Pequenos e Médios da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), ao contrário do que previam alguns economistas no lançamento do programa de crédito consignado para beneficiários do INSS, o dinheiro não está sendo empregado apenas para o consumo. "As pessoas utilizam para imóveis e remédios, que são artigos de primeira necessidade."

Outro dado importante da pesquisa, segundo Oliva, é a preferência pelo crédito consignado não pelos juros inferiores, mas pela agilidade no processo de aprovação e liberação do dinheiro. "Ficamos impressionados porque achávamos que o motivo principal seria a taxa de juros mais baixa. Percebemos que o cliente quer ter crédito com facilidade e comodidade." A pesquisa diz que 96% dos que fizeram empréstimos estão satisfeitos ou muito satisfeitos.

Para Wilson Roberto Ribeiro, presidente da AMA (Associação dos Metalúrgicos Aposentados), de São Bernardo, o motivo da satisfação dos beneficiários é a ausência da burocracia. "O aposentado não quer fiador para conseguir empréstimo. O programa é muito bom porque tirou muita gente da mão de agiotas."




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