Economia Titulo Combustíveis
Gasolina tem a quarta redução, mas preço sobe na bomba

Apesar do anúncio da Petrobras, o litro do combustível está R$ 0,05 mais caro no Grande ABC; Jair Bolsonaro fala sobre repasse de preços

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
06/02/2020 | 00:02
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Claudinei Plaza/DGABC


Em meio à crise entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e os governadores sobre os preços dos combustíveis no País, a gasolina passa hoje pela quarta redução nas refinarias neste ano (-4,3%), sem que esse valor chegue aos consumidores. Pelo contrário. Na região, o litro está R$ 0,05 mais caro em comparação à primeira semana de janeiro.

De acordo com levantamento feito pelo Diário, com base nos dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o preço médio da gasolina na região estava em R$ 4,38 nas bombas na última semana. Porém, o valor pode variar entre R$ 4,07 e R$ 4,79 (veja mais na arte).

Porém, na semana entre 5 e 11 de janeiro, o valor médio era de R$ 4,33, conforme publicado pelo Diário. Com uma redução anunciada anteriormente de 3% pela Petrobras, a expectativa era a de que o preço médio caísse para R$ 4,30, o que não chegou a acontecer, conforme os últimos dados.

Presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABCDMR), Wagner de Souza pontuou que em dezembro do ano passado a gasolina teve aumento de R$ 0,07 nas distribuidoras e três reduções em janeiro, que chegaram a R$ 0,09. “Porém, teve aumento de pauta para o cálculo do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de R$ 0,025”, justificando a absorção das reduções e o aumento dos preços.

De acordo com ele, a discussão encabeçada pelo presidente da República não ajuda no repasse de preços. “Falar em zerar é uma grande piada de mau gosto (leia mais ao lado). Um sonho absurdo. O ICMS pode ser reduzido, mas com o aumento de fiscalização para diminuir a sonegação. Após a arrecadação aumentar, poderíamos discutir uma reforma tributária e mexer no ICMS. Agora, perder essa receita significa menos dinheiro para a educação e saneamento básico, por exemplo”, afirmou.

Na avaliação do coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, Bolsonaro tenta dividir com os governadores a responsabilidade de as reduções não chegarem aos consumidores. “No entanto, acredito que isso fique somente no nível de discurso. No atual cenário, ninguém pode abrir mão de receitas”, afirmou ele, lembrando que o valor do litro não é tabelado.

Segundo a Petrobras, o preço final da gasolina é formado 30% pela própria empresa, 29% pelo ICMS, 15% por impostos como PIS/Cofins, 14% pelo etanol que é acrescentado e 12% pelas revendas.

CENÁRIO NACIONAL
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, ontem, que é preciso discutir o preço da gasolina. “O governo (federal) tem sua culpa? Tem, mas os governadores também têm a sua.”

Ele desafiou os Estados a mudarem a cobrança do ICMS sobre os combustíveis para que a União também reduza. “Eu zero o (imposto) federal, se zerar ICMS.” O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), chamou a atitude de “populista e pouco responsável”.(com Estadão Conteúdo)

Petroleiros estão em greve na Refinaria de Capuava

Petroleiros da Recap (Refinaria de Capuava), localizada em Mauá, estão com as atividades paralisadas desde o fim de semana contra medidas tomadas pela Petrobras. Segundo informações do Sindipetro-SP (Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo), cerca de 75% do total de 400 trabalhadores cruzaram os braços.

O movimento, encabeçado pela FUP (Federação Única dos Petroleiros), atua em 50 unidades da Petrobras no País e reivindica a suspensão do programa de demissões de 1.000 funcionários de uma planta no Paraná. Segundo a entidade, as demissões em massa devem ser negociadas previamente com os sindicatos, o que não ocorreu.

“É um ato de solidariedade aos companheiros, mas também é em defesa do emprego de toda categoria. Apesar de ainda não ter nenhuma demissão prevista para Mauá, com esse plano de privatização que avança na empresa, pode chegar até aqui”, afirmou o coordenador geral do Sindipetro-SP, Juliano Deptula.

De acordo com o sindicalista, supervisores, engenheiros e gerentes assumiram a produção da unidade, que possui capacidade de 8.000 m³ diários. Ele afirmou que o sindicato analisa a determinação do TST (Tribunal Superior do Trabalho) de manter efetivo mínimo de 90% nas unidades, mas ainda não chegou a uma conclusão. Os movimento também pleiteia negociações para banco de horas, plano de saúde e PLR (Participação nos Lucros e Resultados).

Questionada, a Petrobras informou, em nota, que o “movimento grevista iniciado em algumas das unidades é injustificado, uma vez que o acordo coletivo de trabalho foi assinado por todos os sindicatos em novembro de 2019 e as negociações previstas estão seguindo curso normal. Portanto, os motivos alegados não atendem aos critérios legais”.




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