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Diálogo sobre globalizaçao gera protestos em Praga
Do Diário do Grande ABC
23/09/2000 | 17:17
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Cerca de 300 representantes da sociedade civil e das instituiçoes internacionais, convidados pelo presidente tcheco Vaclav Havel, participaram neste sábado de um diálogo de surdos, enquanto que nem tantas pessoas quanto o esperado foram às ruas da capital tcheca da primeira manifestaçao contra o FMI e o BM, em meio a alguns incidentes.

O Grupo de países mais industrializados (G7), debatia o preço do petróleo e do euro em outro ponto da cidade que, de modo geral, nao foi ainda muito afetada pelo amálgama de funcionários internacionais, manifestantes e ministros de todos os pontos do planeta que foram à assembléia anual do FMI e do BM.

O presidente Havel, um veterano da luta pelos direitos humanos, quis iniciar um diálogo em seu próprio país entre os dois grupos que vêm batendo de frente: as organizaçoes nao-governamentais e os dirigentes das instituiçoes financeiras internacionais.

``O diálogo apenas começa', destacou Havel ao abrir a reuniao, celebrada no denominado Castelo de Praga, na sede da presidência tcheca.

``Nao estou certo de podermos resolver todos os problemas do mundo durante esta reuniao', acrescentou.

``A luta contra a pobreza é o principal desafio de nosso tempo', destacou a responsável do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Mary Robinson, Robinson, moderadora dos debates num painel do encontro. Ela destacou a importância ``dos desafios' e do papel de uma sociedade civil que ``nos pediu para despertarmos'.

A primeira personalidade a falar depois de Robinson foi Katerina Liskova, jovem militante tcheca dos direitos humanos, para quem ``foram justamente o BM e o FMI que, através de seus projetos de desenvolvimento, destruíram o meio ambiente, limitaram os direitos humanos e estenderam a pobreza'.

O sociólogo filipino Walden Bello assegurou que tanto o Fundo quanto o BM apóiam os ditadores.

Ann Pettifor, co-fundadora da coalizao Jubileu 2000, pediu o cancelamento da dívida dos países mais pobres, um projeto que sua organizaçao voltará a defender nas ruas de Praga domingo.

James Wolffensohn, presidente do Banco Mundial, preferiu defender sua honra e a de seus colegas: ``nosso sentimento é de que fizemos o melhor possível, que combatemos a pobreza com paixao'.

Horst Koehler, que está no posto há apenas quatro meses repetiu que viajou e ouviu muito: ``eu também tenho um coraçao', afirmou.

``No entanto, temos que utilizar os potenciais da globalizaçao e tentar conter os problemas', disse Koehler.

O encontro nao teve boa repercussao no exterior. A coalizao organizadora da grande manifestaçao de terça-feira, Inpeg, acusou as autoridades tchecas de terem proibido a entrada no país de ativistas estrangeiros, para ``impedir uma verdadeira discussao'.

A manifestaçao poderá reunir 20 mil pessoas na próxima terça-feira.

Sábado, a concentraçao convocada por organizaçoes de tendência anarquista e comunista conseguiu bloquear o centro de Praga. Ao final do dia foram registrados alguns incidentes.

Cerca de mil manifestantes, que protestam contra as reunioes do FMI e do Banco Mundial (BM), bloquearam a partir das 15h00 horas locais (10h00 de Brasília) deste sábado a circulaçao no centro de Praga.

Os manifestantes decidiram protagonizar esta açao depois de uma reuniao convocada por vários movimentos anarquistas e comunistas na Praça da Paz.

Entre os estabelecimentos bloqueados pelos manifestantes estao os hotéis, onde encontram-se hospedados alguns dos delegados de ambas instituiçoes financeiras internacionais.

Foram registrados incidentes entre anarquistas e skinheads, que se manifestavam junto à principal estaçao ferroviária da capital tcheca.




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