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Vida dedicada ao universo literário

Escritor e poeta Marcos Torquato passa os dias pelas ruas mostrando seus livros aos transeuntes

Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
09/09/2019 | 07:16
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A infância de Marcos Torquato Ramalho foi cercada por livros. Quando tinha 6 anos, ganhou de sua mãe uma coleção de clássicos infantis, com histórias de Pinóquio, Bela Adormecida, Peter Pan, Branca de Neve, entre outras. Mas foi aos 12, quando leu Carlos Drummond e Jorge Amado, que tudo mudou. Inquieto, curioso, buscou nas páginas as respostas para tudo o que precisava. “Sempre carreguei uma inquietude intelectual. Queria respostas para muitas questões existenciais. Sentia necessidade de saber sobre nossa origem, a existência ou não de Deus. Via nos livros uma porta para essas respostas”, diz.

A literatura, depois de entrar na vida de Torquato, nunca mais saiu. E se depender dele, nem vai. Nascido em Itapevi, Interior do Estado, ele escreveu seu primeiro poema aos 16. Hoje, com 44, o escritor, formado em jornalismo, é conhecido como ‘poeta andarilho’, pois percorre as ruas, inclusive do Grande ABC, oferecendo seus livros para quem encontra pelo caminho.

Torquato sai de Jandira, no Interior de São Paulo, onde vive, e explora as ruas das sete cidades da região. Veio pela primeira vez em 1999. De lá para cá, faz o trajeto frequentemente. Ele conta que o que o motivou a tentar a sorte aqui foi a necessidade de conhecer novos lugares. “Tem cidade que volto, Ribeirão Pires, como tem bom resultado, fico dois, três meses, trabalhando. Quando percebo que secaram as vendas, daí dou um espaço de dois anos”, explica.

O escritor diz que inserir as publicações nas livrarias não é algo simples, além de ser um processo muitas vezes custoso. “Como de certa maneira tenho facilidade em vender de porta em porta, segui por este caminho”, explica. “Ultimamente tenho visitado algumas escolas, realizando palestras sobra a importância da leitura, na sequência os professores costumam adquirir alguns exemplares e isso tem sido uma experiência que tem me agradado”, diz.

Fato é que ao longo dessa jornada literária já vendeu cerca de 15 mil exemplares de suas obras. Entre elas estão Devaneios de Poeta e Curvas do Tempo, por exemplo. E no próximo dia 14, a partir das 10h, com entrada gratuita, ele lança em São Caetano, na Biblioteca Paul Harris (Av. Dr. Augusto de Toledo, 255), dois títulos: Inspiração (R$ 20), ilustrado por poemas, e o infantil As Histórias de Sophia (R$ 10), lançados por sua editora, a Jangada, assim como os dois livros anteriores.

Torquato conta que, quando chega na região onde vai mostrar seus livros aos passantes, faz uma varredura com os olhos pelos comércios. Diz não ser supersticioso, mas confessa iniciar a caminhada sempre pelo lado direito da rua e deixa sempre uma caneta em um dos bolsos da frente da calça.

Ele diz que a estratégia consiste em muitas visitas, rápidas e objetivas. “Recentemente, sem querer entrei em um velório em São Caetano. Pensei que era uma imobiliária, depois que apresentei os livros, por curiosidade perguntei e fui informado que estava em um velório”, diz. Naquela ocasião não vendeu nada, mas já conseguiu comercializar até em um banheiro de shopping. E sempre faz tudo de maneira bem-humorada.

Ele acredita que seu trabalho possa ser uma pequena semente para fomentar o hábito da leitura no País. “Desde 2001 o Instituto Pró-Livro tem mapeado o perfil dos leitores brasileiros. Na França, por exemplo, uma pessoa lê mais de 30 livros durante o ano. No Brasil não chegamos a quatro. Sem contar uma parte bastante expressiva da população nunca sequer leu um livro na vida. Temos que caminhar muito neste sentido”, encerra. 




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