A morte de dom Jorge Marcos de Oliveira, há 30 anos, suscitou uma série de artigos no Diário, com manifestações de dom Claudio Hummes e de três jornalistas que com ele conviveram – e que hoje também partiram
Escreveu dom Claudio:
Os três pontos que mais caracterizam a atuação de dom Jorge nos 35 anos em que viveu no Grande ABC foram:
1 – Sua firme solidariedade com os trabalhadores.
2 – Sua preocupação e ação em favor dos favelados e das crianças carentes.
3 – Seu amor pastoral por seus padres.
Escreveu o jornalista Benedito Bueno, com o título que usamos na Memória de hoje – ‘O cajado do pastor’:
Dom Jorge foi obrigado a submeter-se a humilhantes e intermináveis interrogatórios político-militares, numa verdadeira ‘via crucis’, onde o algoz principal era a ignorância dos que presidiam os inquéritos.
Em sua crônica costumeira no Diário, Guido Fidelis assinalou:
O golpe militar fazia vítimas. Dom Jorge estava no Exterior. Era um bispo polêmico, amigo das classes sofridas. No seu retorno, o medo diminuiu o grupo de amigos que Esteve em Santos para recepcioná-lo. Lá compareci, juntamente com o prefeito Fioravante Zampol, o vereador Bruno José Daniel e o advogado Cid Flaquer Scartezzi, hoje ministro do Tribunal de Recursos.
O jornalista José Marqueiz destacou o esforço de dom Jorge em deixar um legado por escrito:
Durante os últimos meses de sua vida, dom Jorge Marcos de Oliveira dedicou um pouco de seu escasso tempo para gravar suas memórias. Fechava a porta e a janela de seu pequeno escritório e começava a relembrar coisas de sua vida, que iriam servir para a conclusão do livro Dom Jorge, o Bispo dos Operários.
Ele meditava muito antes de falar. Em seu último depoimento, ele fala da primeira greve de trabalhadores em Santo André, do encontro com o então presidente Juscelino Kubitschek e do governador do Estado Jânio Quadros. Fala de Carlos Marighela, ressaltando: “Ele podia ser comunista, mas não era inimigo do Brasil”.
Por fim, o último artigo. Dom Jorge havia iniciado uma série no Diário. Publicara o primeiro. O segundo estava pronto. Foi encontrado e enviado ao jornal – ‘Notas sobre a Igreja Católica – II’:
A Igreja não tem tropas armadas, mas tem a palavra iluminada pelo espírito da verdade, que pede prestação de contas da verdade em toda a sua amplidão.
Os dois pólos da Igreja são Deus e o homem. Princípio e fim são o Senhor; pessoal e social é o homem.
Diário há 30 anos
Sábado, 3 de junho de 1989 – ano 32, edição 7082
Clotilde (França, Lion, 475 – Tours, 544).
Marcou a história política cristã da França.
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