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Quase metade da água distribuída a São Bernardo vai parar no ralo
Por Andrea Catão
Do Diário do Grande ABC
13/02/2006 | 07:29
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Cerca de 43% da água potável enviada a São Bernardo escorre, literalmente, pelo ralo. O índice de perda física do produto, ocasionada por vazamentos e que era de 53% há dois anos, segundo a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), ainda é vergonhoso. Em média, os municípios, inclusive os administrados pela companhia, registram perda total de 30%, percentual que inclui perda física e financeira, resultado de ligações clandestinas e fraudes. A razão que a companhia dá para tremendo desperdício de um produto tão escasso no Estado de São Paulo é que a rede da cidade é pequena para o tamanho da população, que só tende a crescer por ter muito espaço territorial para ser ocupado.

Em São Bernardo, a perda física e financeira chega a absurdos 58%. É considerada perda financeira aquela decorrente de ligações clandestinas, de furto de água, feito em geral pela população que reside em áreas carentes ou de ocupação irregular. Portanto, é produto consumido, mas que não gera receita para a Sabesp, que o comercializa. O superintendente da Unidade de Negócios Sul da Sabesp, José Luiz Salvadori Lorenzi, diz que a rede que a estatal herdou do antigo DAE (Departamento de Água e Esgoto), em 2004, que era administrado pela Prefeitura de São Bernardo, sofreu processo de estrangulamento. O município não investia na construção de redes maiores com a mesma velocidade da população que crescia.

Os vazamentos estão principalmente nas redes antigas e pequenas, em bairros que cresceram nos últimos dez anos. Em geral, a tubulação estoura por não suportar a pressão da água. Para fazer o produto chegar aos pontos mais altos, na maioria das vezes localizados numa das extremidades da rede, é preciso aumentar a pressão da água, o que danifica trechos anteriores do mesmo ramal. Em resumo: sem pressão a água não chega aos pontos altos e, com aumento da pressão, proliferam os vazamentos nos pontos mais baixos da mesma rede.


Investimentos – A Sabesp espera reduzir neste ano, embora sensivelmente, a perda física da água. A previsão é de que cinco pontos percentuais sejam decrescidos dos 43% atuais em um ano e meio. Para isso, anunciou a realização de três grandes obras na cidade, que juntas devem gerar investimentos da ordem de R$ 38 milhões. A construção de redes maiores visa diminuir não só a perda física, mas oferecer um serviço de qualidade à população do município, que tem sentido nos últimos meses uma deficiência quase crônica no serviço, que não sai barato. As reclamações têm aumentado diariamente e vão desde a verificação de vazamentos visíveis, que demoram a ser consertados até de moradores de bairros inteiros que reclamam do abastecimento deficiente.

Segunda-feira, terão início as obras na rede que atende às regiões do Batistini e Alvarenga, com mais de 250 mil habitantes (o município tem perto de 800 mil moradores). São 2,5 mil metros de rede nova de 300 mm de diâmetro, que tem dimensões próximas a de uma adutora, em geral com 800 mm. “A rede já está pronta. Nesta segunda-feira (hoje), vamos interligar a nova rede com os ramais domésticos. Vamos aumentar o volume de água em até 80 litros por segundo (hoje, a vazão é de 500 litros/segundo). Além disso, vamos instalar válvulas redutoras de pressão em vários pontos, para diminuir a pressão nas áreas mais baixas e evitar a ocorrência de vazamentos na rede”, disse o superintendente José Luiz Salvadori Lorenzi.

Até meados do próximo ano deve estar pronta também uma nova adutora de cinco mil metros e de 800 mm, que vai interligar o sistema a um novo reservatório, com capacidade para 15 mil metros cúbicos. “A primeira obra já vai melhorar o abastecimento no Batistini e Alvarenga e diminuir vazamentos, mas com a finalização da próxima etapa, a população não vai mais enfrentar problemas de abastecimento, pelo menos, nos próximos 15 anos.” Essa etapa – construção de adutora e reservatório – representam investimentos de R$ 16 milhões da Sabesp.

Mais duas obras de grande porte devem ser realizadas na cidade até meados do próximo ano. Na lista, está a construção de redes na região do Parque Selecta e Vila São José e no Baeta Neves. Ao todo, serão investidos R$ 22 milhões. Serão construídas redes de 300 mm de diâmetro. Como comparação, as redes domésticas, em geral, têm 50 mm. n


Interrupção – Para que seja feita segunda-feira a interligação da nova rede com os ramais domésticos na região do Batistini e Alvarenga, a Sabesp vai interromper o abastecimento nos bairros atendidos pelo reservatório Batistini, das 8h às 15h. Serão afetados os bairros Assunção, Alvarenga, Alves Dias, Batistini, Botujuru, Cooperativa, Demarchi, Fei Mizhuo, Sitio Bom Jesus; jardins Belita, Brasilândia, Campestre, Continental, da Represa, das Oliveiras, das Orquídeas, Detroit, do Lago, Ipê, Jerusalém, Las Palmas, Laura, Monte Sião, Nazareth, Nossa Senhora de Fátima, Nosso Lar, Nova Canaã, Pinheiro, Santa Maria, Santa Mônica, Telma, Uenoyama (parte), Valdíbia e Nova Patente; parques Bandeirantes, das Garças, dos Pássaros, Esmeralda, Hawai, Imigrantes, Los Angeles e Terra Nova I e II; vilas das Valsas, Divinéia (parte) e Ferreira; e os núcleos Cantareira, João de Barro e São Jorge.



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