Prédio abandonado há 21 anos, na Avenida dos Estados, no bairro Santa Teresinha, em Santo André, finalmente parece que ganhará utilidade, após duas décadas em processo de deterioração. O edifício de 20 andares, com 76 apartamentos, passa por reforma com o intuito de ser disponibilizado à moradia popular.

A cooperativa responsável pelo imóvel – cujo proprietário não retornou os contatos do Diário –, bem como sobre a comercialização das unidades, conseguiu na Justiça a retomada do prédio, há cerca de um mês. Isso porque o espaço foi alvo de invasão por parte de 76 famílias sem-teto.

A equipe do Diário esteve no local ontem e constatou o estado de abandono do prédio. Além de sujo, o imóvel tem rachaduras na estrutura e partes quebradas. Zelador do espaço, Reynaldo Luiz, 46 anos, detalhou que a área foi invadida por cerca de 500 pessoas.

Segundo ele, que cuida do espaço há 14 anos, embora haja muro de quatro metros de altura, o grupo sem-teto conseguiu adentrar o local a partir de terreno localizado atrás do prédio. “Meu patrão (proprietário do local) me contratou justamente para que o prédio, que é investimento popular, não tivesse esse tipo de ocupação.”

Luiz tem quatro cachorros da raça rottweiler para segurança, no entanto, relata que os bichos foram alvo de agressões por parte dos invasores. “Não me machucaram, mas fizeram o maior ‘auê’. Maltrataram os cachorros e tomaram conta de tudo. Além de fazerem ligação de energia por meio de ‘gato’ a partir das casas vizinhas, queimaram o elevador e quebraram todo o prédio.” Segundo o zelador, após decisão de reintegração de posse da área, os invasores deixaram o local, mas antes “quebraram tudo que puderam”.

Questionada sobre o espaço, a Prefeitura de Santo André confirmou a reintegração de posse da área e informou estar ciente da situação do prédio. Por meio de nota, a administração afirmou que notificou o proprietário do terreno para que “regularize pendências existentes na obra para que, após vistoria, seja emitido ou não o Habite-se (que autoriza o início da utilização efetiva de construções ou edificações).” Não foram informadas, entretanto, quais irregularidades foram constatadas no local.