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Bem brasileiro, bom brasileiro
Por Carlos Brickmann
03/06/2018 | 07:05
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Está ruim: políticos importantes merecidamente presos, outros ainda não. Governo fraco, nas mãos de congressistas que só têm força na hora de buscar vantagens pessoais. Carlos Marun é ministro. Gleisi comanda o PT.

Está ruim, mas pior ainda é essa campanha para culpar os cidadãos pela sem-vergonhice e corrupção nos altos escalões. Coisas do tipo “ah, você é contra o desrespeito às leis, mas já estacionou em lugar proibido”, “prestou um serviço e recebeu por fora”, “reclama da falta de educação dos outros, mas já jogou embalagem de chocolate na rua”. Ou seja, a bandalheira dos poderosos nasce de sua falta de correção ao pegar um envelopinho a mais de açúcar na hora do cafezinho. Jogar papel de bala na rua e ordenhar as estatais é mais ou menos a mesma coisa. Seríamos malandros incorrigíveis, enquanto japoneses, suecos e coreanos cumpririam seus deveres cívicos.

Só que não. Há tempos, o notável articulista Mauro Chaves perguntou por que o brasileiro, na Suíça, não jogava maço de cigarros vazio no chão, enquanto, no Brasil, os suíços não se davam ao trabalho de procurar a lata de lixo. O motivo era simples: é que lá tem polícia. As altas multas educam o cidadão pelo bolso. O cidadão, aqui e lá, sabe o que lhe é conveniente.

Há brasileiros influentes na política norte-americana de banda larga, na Saúde canadense, no comércio libanês, na expansão das exportações chinesas. Sem complexo de vira-latas: ruins são os governantes, não os governados.

Tem de ser fraco
O executivo Pedro Parente, em dois anos, recuperou a Petrobras. Foi um processo doloroso, já que era preciso, além de gerir o presente, descobrir e pagar os rombos do passado. Houve acordos com credores e acionistas, os investimentos foram retomados, a Petrobras voltou a ser lucrativa – o que é essencial se quiser captar recursos para se desenvolver. Até Luiz Marinho, o mais petista dos petistas, candidato do PT ao governo paulista, admitiu que Dilma tinha perdido a mão no comando da Petrobras. Parente sofria um processo de fritura. Afinal, que é que fazia um executivo como ele num governo que tem Eunício como expoente? Pediu demissão. Caiu ele, caíram as ações da Petrobras. O investidor cuida de seu dinheiro.

Dinheiro fujão

Depois do acordo do governo com as empresas de transporte – que os jornais chamam de “caminhoneiros”, como se um caminhoneiro pudesse ficar nove dias sem trabalhar – começou a discussão: onde o Tesouro iria buscar recursos para cobrir todas as concessões oficiais? Houve gente que listou fontes de recursos (insuficientes, mas pelo menos sairiam das mordomias oficiais): fim dos penduricalhos que multiplicam vencimentos de funcionários e os colocam muito acima do teto constitucional; fim das viagens em jatinhos da FAB; fim do seguro-saúde ilimitado e permanente dos parlamentares; e assim por diante. Mas isso não vai dar certo. Esta coluna teve acesso a uma lista, em papel timbrado do Tribunal de Justiça do DF (Distrito Federal) e territórios, com 401 linhas contendo nomes que receberiam, cada um, R$ 437.773, a título de auxílio-moradia atrasado. Faça um teste de aritmética: R$ 437.773 vezes 401. E responda: como pagar essas contas?

Dívida no alto
Essas contas não são pagas: o governo pega dinheiro emprestado para honrá-las. O que faz, na verdade, é transferir a quantia para a dívida pública, mais juros, despesas etc. Todos os etc que der para imaginar. Resultado: a dívida pública federal subiu 27% desde o início do governo Temer, informa Lauro Jardim (https://blogs.oglobo.globo.com/lauro-jardim/). Alcançou o estonteante total de R$ 3 trilhões, 658 bilhões. Mas Temer não é o único gastador: do último dia do governo Fernando Henrique até hoje, governos Lula e Dilma, a dívida pública subiu 412%.

Luz, ele quer luz
Acredite: o presidente Michel Temer diz que, durante a paralisação dos caminhões, foi iluminado por Deus. Não deve ser verdade, claro. Se Deus o tivesse iluminado, tão logo visse aquela imagem de mordomo de filme de terror apagaria a luz. Bela Lugosi, Boris Karloff, Vincent Price – nenhum dos astros de terror de Hollywood chegava aos pés de nosso presidente. E vejamos as medidas tomadas pelo iluminado para resolver seus problemas.

Segurança no Rio
Temer determinou a intervenção de tropas federais para enfrentar os problemas de Segurança do Rio. Há quem diga que não aconteceu nada, mas aconteceu, sim. Traficantes tomaram cinco estações do belo BRT, o ônibus de transporte rápido construído para os Jogos Olímpicos. E montaram quiosques para a venda de drogas ao longo do percurso.

Povo mais rico
Temer reajustou a Bolsa Família em 5,67% a partir de 1º de julho. Atenção, beneficiários: não é para sair por aí gastando feito loucos. 




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