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Creches atrasam cinco anos

Unidades no Casagrande e na Vila Nova Conceição têm promessa de serem inauguradas em 2018

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
17/10/2017 | 07:00
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André Henriques/DGABC


 Após cinco anos de espera, as famílias dos bairros Vila Nova Conceição e Casagrande, na periferia de Diadema, têm reacendida a esperança de conseguir matricular seus filhos em creches próximas de casa. Respectivamente, as unidades Irmã Dulce 2 e Sagrado Coração de Jesus, que estão em obras desde 2012 e que deveriam ter sido concluídas em 2013, tiveram os prazos de entrega ampliados para o próximo ano, conforme resultado de audiência pública realizada no início do mês pela Prefeitura.

Enquanto isso, o operador de produção Manuel Henrique Conceição, 26 anos, aguarda uma vaga na creche para o filho Matheus, 7 meses. Ele e a mulher estão desempregados, mas mantêm esperanças de que o pequeno consiga estudar na Educação Infantil, apesar da realidade difícil. Isso porque a família já passou pela experiência de falta de oportunidade com a filha Isabele, 6. A menina ficou na listagem de espera até ter idade para entrar na pré-escola (4 anos). A estimativa oficial é a de que pelo menos 4.000 crianças de Diadema com até 3 anos aguardem lugar em unidade de ensino. “É uma novela. A obra já chegou a ficar parada por mais de um ano e, recentemente, retornou. Parece que não estão nem aí para a gente”, afirmou o pai, que mora em frente à construção retomada.

A recepcionista Cindy da Mata Ribeiro, 27, que sofre com lúpus (doença autoimune que pode afetar a pele, os rins, o cérebro e outros órgãos), precisa caminhar por cerca de meia hora para levar seu filho de 4 anos até a unidade onde ele conseguiu vaga, no Jardim Marilene. Ela mora no bairro Casagrande, onde deveria estar em funcionamento a unidade educacional Sagrado Coração de Jesus. “Só consegui a vaga porque entrei com ação na Defensoria Pública. Seria maravilhoso ter uma creche aqui no bairro.”

As duas unidades somam 620 vagas para crianças com idade entre zero e 3 anos e começaram a ser construídas em 2012, no entanto, o contrato com a empresa responsável (Ematec Engenharia e Sistemas de Manutenção Ltda) foi encerrado em 2015, devido à paralisação da obra. Conforme planilha do TCE (Tribunal de Contas do Estado), a empresa recebeu cerca de R$ 575 mil pelo trabalho. Para a retomada das obras, em junho deste ano, foram anunciadas as vencedoras do novo processo licitatório: Alenncar Construções (Irmã Dulce 2) e Esteto Engenharia (Sagrado Coração de Jesus).

Na unidade do bairro Casagrande, o valor total previsto para a obra é de R$ 3 milhões, com expectativa de criação de 140 vagas. Conforme publicação no Diário Oficial do Estado, a conclusão do equipamento vai demandar R$ 2,4 milhões. O FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), do Ministério da Educação, afirmou já ter transferido à administração municipal cerca de R$ 1,3 milhão, o que representa 45% do valor pactuado. A informação, atualizada pela própria Prefeitura, é a de que apenas 32,77% das obras estão executadas.

Já no caso da creche localizada na Vila Nova Conceição, o FNDE diz ter transferido pouco mais de R$ 1 milhão ao município, o que representa 57,97% do total da obra (que tem custo de R$ 2,1 milhões). A Prefeitura informou ao governo federal que já concluiu 54,7% da construção.

Moradora é obrigada a largar emprego

A embaladora Regiane Santos, 24, moradora das proximidades da futura creche Irmã Dulce 2, ainda não conseguiu vaga para o pequeno Isaac, 2 anos. Por conta disso, ela, que tem outros dois filhos – 4 e 7 anos –, teve de abandonar o emprego. A família sobrevive apenas com o salário do pai, que presta serviços no ramo de transporte de passageiros e não tem renda fixa. “Preciso trabalhar, mas não tenho condições com o meu pequeno fora da creche. Tivemos mais esperanças desde que retomaram as obras. Isso ajudaria muito o bairro, porque tem muita gente precisando.”

A cabeleireira Maíra Gomes Santos, 48, passa pelo mesmo problema com os netos. “Minha filha não pode largar o emprego (ela trabalha como caixa de mercado), então meu neto de 3 anos ou fica comigo ou com a outra avó. Temos até que deixar com a vizinha, dependendo do horário, algo que, com a creche, não teria necessidade.”

TAC

A unidade Sagrado Coração é a última de pacote de dez obras anunciadas na gestão do ex-prefeito Mário Reali (PT), em 2011. Ao todo, a criação de 3.000 vagas consumiu investimentos de cerca de R$ 21 milhões. As creches foram incluídas em TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) firmado em 2013 entre a Prefeitura e o MP (Ministério Público) como garantia de abertura de vagas na rede pública.




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