Política Titulo Decisão
Sabesp reduz em 10% vazão de água em Mauá

Após esticar prazo, companhia anuncia corte;
Atila fala em insensibilidade do governo paulista

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
19/09/2017 | 07:00
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Montagem/DGABC


A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) comunicou ontem que decidiu reduzir imediatamente em 10% a vazão de água entregue a Mauá por conta da continuidade do calote da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) no que se refere à fatura pela venda do metro cúbico de água.

A decisão foi anunciada pouco mais de um mês depois de a Prefeitura de Mauá conseguir esticar até sexta-feira passada o prazo legal que a Sama teria para pagar integralmente a fatura emitida pela Sabesp na comercialização da água por atacado – a autarquia discorda dos valores praticados pela companhia paulista e deposita, em média, 4% da quantia total cobrada pela Sabesp.

Em março, a juíza Maria Eugênia Pires Zampol, da 1ª Vara Cível de Mauá, autorizou a redução do fornecimento ao município, mas a Sabesp adotou a medida, que é prevista em contrato, só no mês passado.

O prefeito Atila Jacomussi (PSB) criticou ferrenhamente a Sabesp e pediu “sensibilidade”. “Fui pego de surpresa. Se isso se concretizar, é lamentável que uma empresa do governo do Estado aja desta maneira. A Sabesp deveria ter responsabilidade. É importante ser um bom gestor. Mas para isso não basta ser um gestor contábil, que só olha números. Para ser um bom prefeito ou um bom governador tem de agir com o coração e gostar do povo. Cortar água da população não é gostar do povo.”

Já existia reunião com a Sabesp agendada para amanhã justamente para debater esse impasse, mas o encontro foi antecipado para hoje à noite. O Diário apurou que o Paço de Mauá avalia que é frágil a decisão judicial que dá aval para Sabesp reduzir o volume de água. O governo Atila alertou a companhia que o contrato que prevê essa saída em caso de inadimplência é datado de 1995 – época da criação da Sama –, válido por cinco anos, mas que não foi prorrogado. Internamente, a avaliação é que a intenção da Sabesp é de retomar o controle da distribuição de água e que, por isso, a companhia paulista tenta impor pressão.

Oficialmente, o prefeito ainda não revogou a PPP (Parceria Público-Privada) que prevê a privatização dos serviços de distribuição de água.

Superintendente da Sama, Israel Aleixo (PSB) classificou como “estranha” a decisão da Sabesp e afirmou que foi informado oficialmente pela companhia estadual por volta das 16h de ontem. “Ficou acertado com a Sabesp que envolveríamos a BRK (Ambiental) na discussão, já que a empresa detém a concessão do esgoto na cidade. Estávamos esperando esse diálogo (entre Sabesp e BRK) amadurecer e agora fomos pegos de surpresa com essa notícia”, lamentou.

O dirigente da Sama não descartou entrar na Justiça, se necessário, para reverter a decisão da Sabesp. O próprio prefeito disse que conversou por telefone com o presidente da companhia, Jerson Kelman, que teria se comprometido a recuar da redução até que se encontre um consenso na reunião de amanhã.

Pelas contas da Sama, o volume de água entregue está variando entre 950 e 980 litros de água por segundo, quando o rotineiro oscila entre 1.020 e 1.050 litros por segundo.

A Sabesp apenas comunicou a decisão do corte da vazão da água, sem oferecer mais detalhes. (Colaborou Vanessa Oliveira) 




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