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Coletores de lixo são ídolos de garotinha
Por Vanessa Oliveira
Do Diário do Grande ABC
20/06/2016 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Essenciais para manter não só a ordem em uma cidade, mas também a Saúde pública, nem todo mundo enxerga os coletores de lixo e a grandeza do trabalho que eles exercem, o que os faz terem a fama de trabalhadores ‘invisíveis’. Para a pequena Catarina Lopes Breccia, 4 anos, no entanto, não é assim. A menina nutre por eles um imenso carinho. “São meus amigos”, declara.

A amizade da moradora do bairro Baeta Neves, em São Bernardo, com os homens que fazem a coleta em sua rua – da empresa SBC Valorização de Resíduos – começou quando ela tinha apenas 2 anos. O som de alerta emitido pelo caminhão ao dar a ré chamou sua atenção, assim como a imponência do veículo. Pela janela, deu um aceno aos profissionais, que foi retribuído. Começava, assim, a admiração mútua. “Ela não dorme esperando eles passarem e a chamarem”, conta a mãe, Fabiana Lopes Virginio, 37.

A coleta percorre o bairro as segundas, quartas e sextas-feiras. “Em qualquer lugar que ela vê um caminhão de coleta, temos que parar para que dê tchau”, comenta.

Além de serem “muito legais”, Catarina reconhece a importância do trabalho dos amigos. “Eles deixam as ruas limpas”, destaca.

Os laços que hoje unem Catarina aos coletores talvez sejam herança de um antepassado. O bisavô materno, seu Antonio, era motorista de caminhão de lixo. “Não o conheci, ele morreu aos 40 anos, mas soube que quando o trabalho acabava, ele reunia à mesa de sua casa todos os companheiros para comerem com ele. Era uma pessoa muito sensível”, relata Fabiana. “De algum lugar, ele está olhando a Catarina.”

A avó materna, Vera Lucia Lopes, 63, que é costureira, presenteou a neta com uniforme igual ao utilizado pelos coletores. Na quinta-feira, a garotinha vestiu a peça para mostrar aos amigos e os recepcionou com chocolate quente para espantar o frio. “Hoje é um dia muito especial”, diz a menina.

Ao ver a amiguinha vestida a caráter, os coletores ficaram emocionados. “Em meio a tanto preconceito, a gente se sente realizado em saber que alguém gosta tanto do nosso trabalho”, comenta o motorista de caminhão Cícero Benedito da Silva.

“Esse carinho é um incentivo para nós”, acrescentou o coletor Vlademir Carvalho, 32.

Em agradecimento, Catarina ganhou um boné dos trabalhadores. “É para me proteger do sol”, fala ela.

“É preciso ter humildade, sem se achar melhor que ninguém. Fico feliz em ver que minha filha está crescendo dessa forma. É possível mudar muitas coisas com pequenos atos”, diz Fabiana, comovida.

Durante a entrevista, Catarina perguntou a esta repórter o que tanto escrevia. Eram relatos de uma bonita história de amizade e de esperança em um futuro com mais respeito.  




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