Política Titulo São Bernardo
Câmara derrota Marinho e ratifica veto à ideologia de gênero na rede

Vereadores rejeitam vontade do prefeito de S.Bernardo, que visava conduzir restrição do item

Por Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
03/03/2016 | 07:00
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Oscar Juriparci/CMSBC


A Câmara de São Bernardo derrubou ontem veto do prefeito Luiz Marinho (PT) e tornou oficial a proibição das discussões sobre ideologia de gênero nas escolas da rede municipal. O item será adicionado ao texto original do PME (Plano Municipal de Educação), aprovado pelo Legislativo. Para ser rejeitado, o texto precisava registrar 15 adesões – dois terços dos vereadores. Ao fim da apuração, foram obtidos 20 votos favoráveis à exclusão nominal do termo e somente um contrário, do líder de governo, José Ferreira (PT). Ocorreram cinco ausências e uma abstenção, do também petista Matias Fiuza.

Marinho pode entrar com Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) para tentar desconstruir a definição da Casa, mas essa posição não tende a ser adotada pelo petista.

A sessão parlamentar colocou fim a polêmica que se arrastava desde dezembro, quando os parlamentares emplacaram emenda à matéria exigindo a proibição nominal do ensino de diversidade sexual nas unidades educacionais da rede. O termo não era citado no PME, entretanto, alguns vereadores viam brecha para o Executivo abrir o debate.

Marinho queria manutenção de seu veto com a promessa de enviar, posteriormente, projeto de lei de sua autoria com impedimento à ideologia de gênero nas escolas municipais, estaduais e privadas. A estratégia não funcionou e logo após o resultado contrário o chefe do Executivo retirou a nova matéria do protocolo da Casa.

A sessão que sentenciou a derrota de Marinho foi marcada por clima tenso, com grande presença de público, que pedia veto ao interesse do prefeito. Os discursos dos vereadores petistas, que tentavam assegurar desejo de Marinho, eram acompanhados de vaias. O resultado foi exaustivamente comemorado pelos parlamentares e pelos populares no plenário.

“Nós aprovamos a emenda e o prefeito vetou, sem dar explicações. Depois, com a pressão de religiosos, ele mudou a posição. Tudo apenas por questão política. Todos perceberam isso”, criticou o vereador oposicionista Julinho Fuzari (PPS).

RACHA NO G-9
Integrante do G-9, Rafael Demarchi (PSD) justificou a decisão contrária do grupo que, apesar de atuação independente no Legislativo pertence ao bloco de sustentação de Marinho. “Elaboramos essa modificação junto com a população. Não poderíamos ir contra depois.”

Momentos antes da votação definitiva do veto, Gilberto França (PMDB), também componente da ala, se ausentou do plenário. A postura do peemedebista revoltou o bloco, que, após a sessão, anunciou sua exclusão da ala. “O seu comportamento já estava desagradando e destoando dos nossos combinados. É importante parabenizar os demais que mantiveram postura em torno da decisão. Agora o G-9 tornou-se G-8”, pontuou Ramon Ramos (PDT).

Indagado, França alegou que estava em seu gabinete no momento da votação e não conseguiu “chegar a tempo para dar seu voto”. Ele concluiu “que respeita a decisão dos colegas”.

Bancada petista se divide entre fuga do plenário e votos contrários ao Paço

Maior bancada do Legislativo de São Bernardo, com oito vereadores, o PT expôs ontem atuação desarticulada diante da votação do veto do prefeito Luiz Marinho (PT) à emenda modificativa, que pedia proibição da ideologia de gênero nas escolas da rede.
Com exceção de José Luís Ferrarezi (PT), que não vota por estar na presidência, os demais petistas tomaram caminhos distintos durante a votação. Enquanto o líder de governo, José Ferreira (PT), foi o único a seguir orientação de Marinho, Tião Mateus e Toninho da Lanchonete aderiram à decisão da oposição e do G-9.

“Votei tranquilo e dentro da minha consciência. Minha linha no início foi ter votado a favor da emenda. Eu não vejo como derrota do governo, porque elaborou outro projeto sobre isso”, justificou Toninho da Lanchonete.

“Todo mundo acredita em alguma coisa. E isso precisa ser respeitado. Ninguém pode passar por cima disso. Meu voto foi com convicção daquilo que creio. Eu sou petista e nunca fiquei contra o governo. Neste caso, votaria quantas vezes fossem necessárias”, argumentou Tião Mateus.

Os demais parlamentares do petismo, Marcos Lula, José Cloves e Luiz Francisco da Silva, o Luizinho, deixaram o plenário no momento da votação, não justificando ausência. Já Matias Fiuza optou pela abstenção.

Sozinho em sua decisão, Zé Ferreira evitou comentar postura dos demais colegas de partido. Enfatizou defesa no veto feito por Marinho e criticou os vereadores da oposição.

“O governo já tinha conversado com líderes religiosos. Nunca vacilei em uma decisão. Quem debateu o PME foram professores e isso vou respeitar. Os demais são jogadores que jogam para a torcida. Foram médias feitas”. 




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