Esportes Titulo Meia-atacante
Pablo Escobar, o patrão do The Strongest

Ídolo no Tigre, na Bolívia e também no Santo André, meia-atacante com homônimo polêmico e controverso faz história

Por Dérek Bittencourt
22/02/2016 | 07:00
Compartilhar notícia
Estadão Conteúdo


Chamá-lo por nome e sobrenome pode causar reação instantânea de surpresa, desconfiança e estranheza em razão de associação com um dos mais famosos narcotraficantes do mundo: Pablo Escobar. “Foi casualidade, não tem nada a ver com ele, graças a Deus”, diverte-se ao contar o meia-atacante, que tem fama e história por conta de uma carreira construída entre o Paraguai, seu país natal, a Bolívia, pátria à qual se naturalizou, e o Brasil, onde atuou por quase quatro temporadas – inclusive no Santo André. Assim, transformou-se em ídolo nos três locais e, sobretudo, em um dos maiores nomes do The Strongest, que esteve semana passada na Capital paulista e alcançou feito memorável ao vencer o São Paulo por 1 a 0, em pleno Pacaembu, pela Libertadores – primeiro triunfo aurinegro por aqui.

O camisa 10 foi quem iniciou a jogada do único gol da partida. E o lance foi muito bem ensaiado, mas com o treinador anterior, Pablo Caballero, que deixou o clube nove dias antes do jogo. “Disse ao (Mauricio) Soria (novo técnico) que gostaria de fazer e ele autorizou”, disse Escobar após o confronto. Ainda bem. Foi assim que ele cobrou escanteio para Raúl Castro, que serviu para Chumacero invadir a área e cruzar na cabeça de Alonso.

Antes de deixar o estádio, o meia confessou: chorou nos vestiários por conta do feito. “A gente fez o que tinha de fazer para ganhar. Deixamos muito coração em campo, jogamos com raça. O que fizemos foi histórico, vai ficar para todo mundo uma recordação muito linda, mas a gente quer mais. É só o começo da Copa (Libertadores)”, destacou.

Em dez anos no clube boliviano, transformou-se em maior artilheiro internacional, nacional e também do clássico local contra o Bolívar pelo Strongest. É ainda o jogador que mais vezes vestiu a camisa do Tigre, superando a marca mais de 300 vezes. “Para mim, como capitão, tudo isso tem grande valor”, afirmou. “Mas isso já passou e quero conseguir mais coisas”, continuou Escobar.

A atuação do jogador diante do São Paulo fez comentaristas e jornalistas bolivianos se derreterem em elogios. “Como joga bem Pablito”, afirmou Chavo Fucks, comentarista da Fox Sports de lá. “É o patrão do futebol”, disse Gustavo Cima, repórter da emissora, traçando comparação com o homônimo narcotraficante colombiano, conhecido como “patrão do mal”.

Aos 37 anos, Escobar vê o fim da carreira próximo. Mesmo assim, até o fim deste ano ele segue no The Strongest, enquanto o futuro, apesar de incerto, será no meio futebolístico. “Não sei fazer muito mais coisa. Gosto muito de futebol, vivo e desfruto cada vez mais o dia a dia dos treinos e vestiários. Então com certeza vou ser treinador ou gerente esportivo. Mas vai ser decisão para quando eu parar”, encerrou Pablito, que tem convite do próprio Tigre para ser dirigente.


Volta ao Ramalhão? Possível, mas realidade é distante


Bastou uma temporada com a camisa do Santo André, em 2009, para Pablo Escobar cair nas graças da torcida e, até hoje, despertar o desejo dos ramalhinos que torne a vestir a camisa andreense. Aos 37 anos, o meia-atacante não descarta a possibilidade, mas admite que hoje a realidade é outra.

“Jogar no Brasil e no Santo André seria muito bom, muito legal. Mas hoje a situação é diferente. Estou muito bem (no The Strongest), jogando torneios internacionais, muito feliz, a torcida também gosta muito de mim e o respeito que tenho é muito grande”, declarou.

Escobar veio ao Brasil em 2008 para defender o Ipatinga. Depois, defendeu o Ramalhão, seguiu para o Mirassol, passou pela Ponte Preta e jogou ainda no Botafogo de Ribeirão Preto. Mas foi com o Ramalhão que mais se identificou – a ponto de recusar uma proposta de um grande clube carioca, em maio de 2009. “Todo mundo sabe: não fui para o Flamengo e fiquei no Santo André. Parece meio maluco, mas realmente sou muito grato e eu e minha família sempre lembramos bem de lá. Continuo acompanhando o time, vendo que está na A-2, tomara que possa subir e torço para que dê certo.”

Semana passada, na véspera do jogo com o São Paulo, o jogador recebeu a visita de três torcedores andreenses no hotel onde a delegação do Strongest estava hospedada, na Capital.


SELEÇÃO BOLIVIANA

Paraguaio de Assunção, Pablo Escobar se naturalizou boliviano para ter oportunidades em torneios de seleções. Entretanto, por conta de divergências com o atual comandante, Julio César Baldivieso, pediu para não ser mais convocado. “Mas serei sempre agradecido pela Bolívia ter me dado a possibilidade de jogar competições muito legais como Eliminatórias e Copa América.” 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;