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Greve fez PT entrar em conflito

Bancada de vereadores petistas isenta Marinho de culpa na maior paralisação da história de S.Bernardo, mas admite antagonismo de lutas do passado

Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
05/06/2015 | 07:00
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Montagem/DGABC


A greve dos servidores públicos de São Bernardo, encerrada na sexta-feira após alcançar marca histórica de 22 dias, foi vista pelos vereadores do PT como “conflitante” ao comparar todo processo de paralisação com a história do partido e a do próprio prefeito Luiz Marinho (PT), oriundo da vida sindical. Os parlamentares, porém, isentaram culpar o chefe do Executivo sobre condução das negociações.

Presidente do Legislativo e um dos mediadores mais atuantes nas reuniões com o Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos) de São Bernardo, José Luís Ferrarezi (PT) encabeçou a lista dos discursos atribuindo à dificuldades econômicas a durabilidade da greve.

“A Prefeitura deve perder neste ano R$ 300 milhões com arrecadação de receita. Isso compromete qualquer planejamento e compromisso financeiro. O Marinho é um dos mais responsáveis gestores, por isso, o diálogo precisou ser tratado com muita cautela. Contudo, é difícil para nós, que viemos da vida luta por igualdade e reivindicação, passar por isso. Foi desgastante e acho que houve perda para os dois lados. Fica a experiência”, contextualizou Ferrarezi.

No dia 13, após não conseguir diálogo com Marinho, os servidores iniciaram greve geral, que foi caracterizada por grande adesão de funcionários, principalmente de setores como Educação, Saúde e GCM (Guarda Civil Municipal). Manifestos pelas ruas do Centro e acampamentos dentro da Câmara marcaram maior período de braços cruzados no município. Os manifestos ultrapassaram marca da segunda gestão de Mauricio Soares (PT), entre 1997 e 2000, quando o funcionalismo manteve paralisação por 21 dias seguidos. Curiosamente, Marinho e Mauricio emergiram politicamente no meio sindical, cobrando de patrões melhores salários e condições de trabalho.

Na sexta legislatura, Toninho da Lanchonete (PT) avaliou como “agonia” os dias de greve. “Foi muito dramático vivenciar tudo isso. É conflitante para nós enfrentarmos protesto desta ordem. No entanto, respeitamos demais”, afirmou.

Também oriundo da vida sindical, Tião Mateus (PT) revelou ter ficado satisfeito com a postura dos servidores, assegurando que os direitos de cada um devem ser brigados em “todas as situações”. “Jamais poderia dizer que fui contrário à atitude de greve. Pelo contrário, muitas vezes discursamos sobre luta por melhores condições. Agora, o que ocorreu no município foi a dificuldade financeira enfrentada. O Marinho sempre foi um trabalhador pela igualdade da classe trabalhista.”

Os vereadores Paulo Dias e José Cloves endossaram afirmativas dos colegas, adicionando que a categoria deve continuar atuante quanto à disputa por avanços. “Foi uma paralisação unida, que se fez respeitar. Acho que agora os servidores vão esperar por esse tipo de mobilização em relação a todas melhorias da classe”, avaliou Paulo Dias.

“Durante o período, dialogamos bastante e procurei falar para os funcionários que respeitava o movimento. Apenas salientava as justificativas do Marinho quanto a questões orçamentárias. Acho que foi uma lição grande, aprendizado que vai deixar experiência para futuras situações de luta por melhorias”, pontuou.




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