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Perimetral: 33 anos de história
Andrea Catão
Do Diário do Grande ABC
19/09/2005 | 08:18
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Idealizada pelo engenheiro Rodolpho Mansueto Dini – que exerceu o cargo de secretário de Obras de Santo André na gestão de Newton Brandão (1969-1973) –, a avenida Perimetral foi inaugurada em 1972. Na época, Santo André estava isolada, "sufocada", de acordo com o ex-prefeito, que cumpriu três mandatos. "Quando o projeto viário foi desenvolvido, a necessidade imediata era dar acesso às cidades vizinhas, ao Centro de São Paulo e ao Porto de Santos para escoar a produção das indústrias. O acesso à via Anchieta era difícil e a avenida dos Estados não existia ainda", relembra Brandão.

Recuperar o sistema viário de todo o perímetro central. É daí que vem o nome Perimetral, que começa na avenida José Caballero, no Paço Municipal, e vai até o entroncamento com a avenida Capitão Mário Toledo de Camargo. O complexo viário original incluía ainda viadutos, como o 18 do Forte e o Millo Cammarosano, e novas avenidas que facilitariam o acesso às rodovias, como a avenida José Amazonas, construída na década de 90. Somente com o rebaixamento das vias e a construção dos viadutos que cruzam sobre a Perimetral, a Prefeitura gastou 40 milhões de cruzeiros na época.

Hoje, é conhecido como Perimetral apenas o trecho da rua Coronel Alfredo Flaquer, que começa na rua Coronel Fernando Prestes e termina na avenida Santos Dumont, no bairro Ipiranguinha, onde está o monumento aos Imigrantes.

Muito antes de ser construída a Perimetral, quando a rua Coronel Alfredo Flaquer era um estreito corredor, o comércio começou a se instalar no local. As características dos estabelecimentos mudaram muito nestes mais de 30 anos de conclusão do projeto arquitetônico.

A rua já foi ponto de referência de artigos para decoração e de casas que comercializavam gêneros alimentícios. Hoje, tem grandes supermercados, redes de fast food, prédios onde funcionam associações e clubes, mas continua a atender à clientela que procura maior diversidade em lustres, tapeçaria e decoração. O ramo de veículos sobre duas rodas, bem como peças e acessórios para carros passou a ocupar espaço na via recentemente.

"Não tem como eu deixar esse ponto. Mesmo com a falta de estacionamento para clientes (principal reclamação dos comerciantes locais), é importante permanecer próximo a outras lojas do ramo. As pessoas vêm para a Perimetral comprar lustres, assim como vão para a Jurubatuba (em São Bernardo) comprar móveis", diz Priscila Scocco Arruda.

Instalado há 30 anos no mesmo ponto, o proprietário da Lustres Raveba, Jair Antonio Calian, afirma que nos últimos anos o comércio perdeu clientes para grandes redes que comercializam desde material de construção até artigos para decorar a casa, os chamados home centers. "Mas o cliente que quer variedade procura o comércio da Perimetral, que concentra grandes lojas. Oferecemos produtos diversificados e exclusivos", completa.

Tapetes, cortinas, lojas especializadas em estofamento também são encontrados na Coronel Alfredo Flaquer. A Tapeçaria Brejão, a maior do ramo instalada no local, está há 48 anos no mesmo ponto. Segundo Roberto Pereira de Castro, gerente de instalação da unidade, hoje a concorrência é bem menor. "Existiam muitas lojas que comercializavam os mesmos produtos há 20, 30 anos atrás. Algumas se mudaram ou fecharam. No nosso caso, ampliamos para oferecer ao cliente maior diversidade."

O vendedor Douglas da Silva Areas afirma que, além da baixa concorrência, a crise política que o país atravessa também não tem afetado as vendas. "Nesse mercado, a única época em que há queda no movimento é dezembro. É que as pessoas querem deixar a casa pronta para o fim do ano. Temos dois grandes picos de vendas. O primeiro vai de janeiro a fevereiro e depois de julho a novembro."

Mensalão – Mas há quem reclama da crise política, que chegou ao auge com a instalação da CPI dos Correios e com o escândalo do mensalão. É o caso do proprietário do Empório Internacional, Jaime Gedankien, que trabalha só com produtos importados. "As pessoas estão sem dinheiro e a primeira coisa que cortam é o que consideram supérfluo. Mas faz tempo que o comércio de importados não vai bem. A melhor época foi durante os dois primeiros anos do plano real (1994-1995), pois nosso dinheiro valia o mesmo que a moeda estrangeira. Hoje, mesmo com o dólar em queda, ainda encontro dificuldades. Muitos dos produtos que compro são cotados em euros, que está mais valorizado", afirma.

Além da crise, o prolongamento do inverno também tem deixado o consumidor retraído. Pelo menos é o que dizem os proprietários de revendedoras de motos. "Nossas vendas aumentam consideravelmente durante o verão. É que moto tem muito da sensação de liberdade. Tem cara de férias. Nos dias frios, a clientela que nos procura é de pessoas que querem comprar uma moto para trabalhar, principalmente para fugir de congestionamentos", conta Eliel Oliveira, gerente da concessionária ABC Motos, revendedora exclusiva das marcas Sundown e Kasinski.




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