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Esgoto doméstico é vilão da Billings
Por Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
27/03/2004 | 18:09
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O esgoto jogado in natura na Billings pelas casas no entorno da represa é a maior causa de poluição na Billings, concordam especialistas e ambientalistas. “Além da flotação, seria necessário um sistema avançado que incluísse coagulação, sedimentação, filtração, desinfecção, absorção de carvão ativado e, eventualmente, um processo de extração de metais e de membrana, para remover partículas pequenas, inclusive vírus e bactérias”, afirmou Ivanildo Hespanhol, da Politécnica da USP (Universidade de São Paulo).

Nada disso existe, por enquanto. Mas, para o vice-presidente do Comitê de Bacias Hidrográficas do Alto Tietê, Nelson Pedroso, o Projeto Tietê 2 é um bom exemplo de melhorias na captação do esgoto. “Ele envolve Barueri, que hoje tem capacidade ociosa, como acontece na estação de tratamento de São Caetano (a ETE-ABC, na margem paulistana do ribeirão dos Meninos, na divisa com a cidade da região).” Para Pedroso, melhorando a capacidade de captação dos esgotos, automaticamente a água dos grandes rios teriam melhor qualidade e o sistema caminharia para o sucesso da flotação.

Outro exemplo positivo foi apontado pelo diretor da Cetesb Lineu José Bassoi. Trata-se da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) Pinheirinho, um loteamente consolidado na área de manancial de São Bernardo. Os moradores pagaram pela estação para cumprir um termo de ajustamento de conduta com o Ministério Público. “A iniciativa é excelente, porque o tratamento garante a remoção de 90% da carga orgânica, apesar de não remover 30% do fósforo. Este modelo de tratamento deveria ser mais freqüente, porque, somado à flotação, favoreceria inclusive o reúso da água.” Poluentes – Em 1988, o MDV (Movimento em Defesa da Vida), apresentou ao Estado um projeto para despoluir a calha do rio Pinheiros. “Mas nada aconteceu. Foi engavetado”, disse o presidente do Sats (Serviço Aéreo e Terrestre de Salvamento e Proteção Ecológica), Hermínio Jerônimo Costa. Entretanto, ele conta que antes de o artigo 46 da Constituição Estadual restringir o bombeamento das águas do Pinheiros para a Billings nas situações de enchente, o esgoto chegou a bater o Riacho Grande. “Na ocasião, 8 toneladas de peixes praticamente mortos foram retirados da represa. É a imagem real da poluição das águas.”

Costa avalia que, atualmente, são poucos os movimentos de luta em prol da despoluição das águas e que não há demonstração de preocupação por parte das administrações municipais em diminuir a incidência de esgoto in natura no reservatório. “Só do Grande ABC, a represa recebe esgoto de Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires, Diadema e do Batistini, em São Bernardo.”

O secretário de Energia e Recursos Hídricos, Mauro Arce, por sua vez, afirmou que recursos de saneamento estão em discussão entre o Estado e as Prefeituras da região por intermédio do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. Segundo Arce, as negociações estão avançadas, apesar de as administrações não terem verba para fazer interligações de esgoto. “Sabemos que não é possível proibir imediatamente o esgoto nem fazer investimentos de imediato para evitar as quantidades de fósforo que o esgoto do Grande ABC injeta na represa”, diz Arce.

A proposta estudada, segundo o secretário, é colocar água na represa com melhor qualidade do que a que corre por lá hoje. “A Billings é caixa d’água de abastecimento humano e precisa ser de boa qualidade. Por isso, se a flotação mostrar que não vai dar resultado paramos imediatamente.”




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